ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA
SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA
LEGISLATURA, EM 23-5-2013.
Aos vinte e três dias do
mês de maio do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores
Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Dr. Thiago, Fernanda
Melchionna, Guilherme Socias Villela, João Derly, Mauro Pinheiro, Paulinho
Motorista, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Tarciso Flecha
Negra. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Airto
Ferronato, Alceu Brasinha, Delegado Cleiton, Elizandro Sabino, Engº Comassetto,
Lourdes Sprenger, Luiza Neves, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Mario Fraga,
Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pedro Ruas, Séfora Mota e Waldir
Canal. À MESA, foi encaminhado o Projeto de Lei do Legislativo nº 064/13
(Processo nº 0848/13), de autoria do vereador Delegado Cleiton. Do EXPEDIENTE,
constaram Comunicados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do
Ministério da Educação, emitidos no dia sete de maio do corrente. A seguir, o
senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à senhora Elis Regina
Gomes de Vargas, Presidenta da União de Negros pela Igualdade, que discorreu
sobre políticas públicas pelo fim do racismo. Em continuidade, nos termos do
artigo 206 do Regimento, os vereadores Tarciso Flecha Negra, Reginaldo Pujol,
Delegado Cleiton, Elizandro Sabino, Pedro Ruas, Sofia Cavedon, Márcio Bins Ely,
Professor Garcia, Fernanda Melchionna e Mônica Leal manifestaram-se acerca do
assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciaram-se os vereadores Tarciso Flecha Negra, Paulinho Motorista,
Delegado Cleiton e Pedro Ruas. Também, foi apregoado Requerimento de autoria do
vereador Delegado Cleiton, solicitando autorização para representar
externamente este Legislativo, amanhã, no Seminário Oportunidades para a
Juventude Negra, no Auditório da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,
em Porto Alegre. Em prosseguimento, o senhor Presidente concedeu a palavra,
para considerações finais sobre o tema em debate, à senhora Elis Regina Gomes
de Vargas.
Às quinze horas e vinte e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e dois minutos. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se as vereadoras Mônica Leal, Lourdes
Sprenger e Sofia Cavedon. Após,
foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso
do septuagésimo quinto aniversário de fundação do Sindicato dos Professores do
Ensino Privado do Rio Grande do Sul – SINPRO/RS –, nos termos do Requerimento
nº 091/13 (Processo nº 1500/13), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a
MESA: o vereador Bernardino Vendruscolo, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o senhor Cássio Filipe Galvão Bessa,
representando o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do
Sul; as senhoras Cecília Farias e Glória Bittencourt, representantes do
SINPRO/RS no Conselho Municipal de Educação. Em COMUNICAÇÃO, pronunciaram-se as
vereadoras Sofia Cavedon e Mônica Leal e os vereadores Elizandro Sabino,
Clàudio Janta, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra, Professor Garcia, João
Derly e Mauro Pinheiro. A seguir, o senhor Presidente convidou a vereadora
Sofia Cavedon a proceder à entrega, ao senhor Cássio Filipe Galvão Bessa, de
Diploma alusivo à presente solenidade, concedendo a palavra à Sua Senhoria, que
destacou a importância do registro, por este Legislativo, do aniversário de
fundação do SINPRO/RS. Em continuidade, foi aprovado Requerimento verbal
formulado pela vereadora Sofia Cavedon, solicitando alteração na ordem dos
trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Clàudio
Janta, Elizandro Sabino e Reginaldo Pujol. Em prosseguimento, foi iniciado o período
de COMUNICAÇÕES destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a
tratar de questões atinentes ao racismo. Compuseram a Mesa: os vereadores
Bernardino Vendruscolo, Delegado Cleiton e Tarciso Flecha Negra, presidindo os
trabalhos; a senhora Malu Viana, representando a União
Brasileira de Mulheres – UBM –; a senhora Ivanete Pereira, Coordenadora da Central Única das
Favelas – CUFA –; o senhor Dilmair Monte dos Santos, representando o Conselho
Municipal do Povo Negro; a senhora Neusa Vitória Marques, Presidente da
Associação das Mulheres Unidas pela Esperança; a senhora Carla Rejane Bandeira,
Presidente do Bloco Ilê Mulher; o senhor Clóvis André Silva, representando a
Sociedade Bambas da Orgia; a senhora Flaviana Paiva, representando o Conselho
Municipal da Juventude; o senhor Manoel Nascimento, Secretário de Combate ao
Racismo da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do
Sul – CUT/RS –; o senhor Jeferson Pereira, representante da União das Associações de Moradores de
Porto Alegre – UAMPA –; a senhora Elis Regina Gomes de Vargas, Presidenta da União de Negros pela Igualdade. Após, o senhor Presidente concedeu a
palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II, aos senhores Malu
Viana, Neusa Vitória Marques, Dilmair Monte dos Santos, Ivanete Pereira, Paulo Daniel Santos, Carla Rejane
Bandeira, Clóvis André Silva, Flaviana Paiva,
Jeferson Pereira e Elis Regina Gomes de Vargas, que se pronunciaram sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Engº Comassetto. Em COMUNICAÇÕES, nos termos
do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores
Clàudio Janta, Bernardino Vendruscolo, Sofia Cavedon, Delegado Cleiton e João
Derly. Às
dezoito horas e dezessete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às dezoito horas e dezoito minutos. Após, foi apregoado Requerimento de
autoria da vereadora Jussara Cony, solicitando, nos termos do artigo 218,
inciso II, do Regimento, Licença-Luto nos dias quinze e dezesseis de maio do
corrente. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 005/13, os Projetos de Lei do Legislativo nos
136, 146, 147, 148, 149, 150, 156, 174 e 040/13, este discutido pelo vereador
Clàudio Janta, o Projeto de Lei do Executivo nº 016/13, discutido pelo vereador
Clàudio Janta, o Projeto de Resolução nº 015/13; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei
do Legislativo nº 137/13, discutido pelo vereador Reginaldo Pujol. Durante a
Sessão, os vereadores Tarciso Flecha Negra, João Derly, Pedro Ruas, Sofia
Cavedon, Mônica Leal, Clàudio Janta e Delegado Cleiton manifestaram-se acerca
de assuntos diversos. Também, foi registrada a presença, neste Plenário, do vereador
Antônio Brito, da Câmara Municipal de Erechim – RS. Às dezoito horas e vinte e nove minutos,
o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores
vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
vereadores Dr. Thiago, Bernardino Vendruscolo, João Derly, Delegado Cleiton e
Tarciso Flecha Negra e secretariados pelo vereador Bernardino Vendruscolo. Do
que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada
pelos senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Estão abertos os trabalhos.
Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
A
Sra. Elis Regina de Vargas, representando a União de Negros pela Igualdade –
Unegro, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de
assunto relativo a políticas públicas pelo fim do racismo.
A SRA. ELIS REGINA GOMES DE VARGAS: Boa-tarde a todos e todas. Boa-tarde à
Mesa. Nas pessoas do Ver. Dr. Thiago e do Ver. Bernardino Vendruscolo – já nos
conhecemos, não é, Bernardino? –, eu queria saudar todos os Vereadores
presentes, agradecer a todos pela presença e lamentar que não são todos que
estão aqui. Eu queria saudar também as pessoas da plateia, as pessoas que nos
assistem neste momento de discussão tão importante.
Como
já me apresentaram, eu sou Elis Regina de Vargas, sou a Presidente Estadual da
Unegro, União de Negros pela Igualdade.
Vou
começar a minha fala dizendo o seguinte: o racismo é um dos problemas
estruturantes da nossa sociedade. Quando se observam os números, as
desigualdades raciais ainda permanecem, são fortes, e a mulher negra e
indígena, olhadas em seu conjunto, continuam sendo as partes do segmento que
experimentam as maiores desvantagens no conjunto da população brasileira.
É
preciso reconhecer as políticas públicas de combate ao racismo adotadas nos
últimos anos pelo Estado brasileiro, atitude que tem ampliado a construção da
democracia em nosso País. É necessário consolidar e torná-las cada vez mais de
caráter transversal. Necessitamos que toda a sociedade brasileira e também os
Poderes constituídos unam forças num pacto contra o racismo, ampliando e
consolidando as políticas públicas especificamente voltadas para essa vergonha
nacional – problema estruturante de nossa sociedade. E, pela segunda vez, aqui,
eu digo: racismo é crime!
A
luta contra o racismo não pode ser apenas das mulheres e homens negros, o
combate ao racismo e também às outras formas de discriminação devem fazer parte
da agenda de todos e de todas que lutam por uma sociedade mais democrática, não
devendo ser uma pauta restrita de determinados movimentos sociais. Segundo
dados do Ministério da Saúde, correm mais risco de ser assassinados,
provavelmente por armas, adolescentes do sexo masculino, cujas chances de serem
mortos é 12 vezes maior do que de uma menina; já o risco de um negro ser vítima
de homicídio é quase três vezes superior ao de um branco. Racismo tem sido
fator de letalidade da juventude negra moradora dos espaços populares.
Em
Porto Alegre precisa que seja pensado e executado um conjunto de ações de inclusão,
ações contra a cultura de violência, de combate ao racismo. Porto Alegre
precisa pensar na criação de creches noturnas que possibilitarão que as
mulheres se qualifiquem ao mercado de trabalho através da ampliação dos seus
estudos; pensar urgente na execução de um plano de enfrentamento à mortalidade
da juventude negra. Porto Alegre necessita ampliar o número de escolas de
educação de tempo integral, criar espaços culturais públicos não somente nas
áreas centrais da Cidade, mas principalmente na periferia. Nossa Cidade
necessita estimular o empreendedorismo juvenil, principalmente quando associado
à chamada economia solidária; além disso, criar programas voltados a ações de
capacitação dos profissionais que atuam com os jovens, especialmente dos policiais.
Voltamos aqui a rever a situação da abordagem policial, que é muito séria, e é
uma questão que se vê principalmente nas periferias. Converso com os jovens
todos os dias, e eles me dizem: “Elis, hoje eles me pegaram três vezes!” Não é
possível que isso continue ocorrendo. Nós precisamos ver alguma forma,
senhores, porque do jeito que está realmente não dá para continuar.
A
condição de vida da população negra tem melhorado, mas as desigualdades a que
se encontram submetidos negras e negros continuam bastante elevadas. O combate
ao racismo é uma forma de inclusão e de justiça social. Combater o racismo é
tarefa de todos e de todas que desejam consolidar a democracia em nosso País.
Em
nosso País, senhores, 53% da população é negra. Está na hora de a gente ver
isso com maior clareza, com maior atenção, com respeito. Chega de a gente ver
isso, como se diz, “para inglês ver”; nós precisamos ver realmente.
Desde
a Abolição da Escravatura, que não é a abolição que os negros queriam, mas foi
a possível, a partir daquele momento importante – muito importante, tudo bem –,
saímos sem terra, saímos sem direito à escola, saímos sem direito a nada. Mas,
para nós da Unegro, foi um momento muito importante, porque foi uma vitória não
só dos negros, mas foi a primeira vez que brancos e negros se juntaram em prol
de uma coisa comum. Só que nós precisamos mostrar para as nossas crianças que
os negros não são aquelas pessoas pretas, judiadas, que trabalham, que estão
trancafiadas, mas que nós temos história, que nós somos descendentes de
príncipes e princesas na África.
Então,
senhores, eu venho a esta tribuna principalmente pedir a vocês que a Lei nº
10.639 seja, de fato, ampliada em nossas escolas. Nós agradecemos muito aos
professores de boa vontade, que, em algumas escolas, conseguem fazer isso. Mas
eu aprendi que lei é para ser cumprida. Foi isso que foi ensinado para nós. É
isso que dizem para nós, negros, todos os dias: nós precisamos cumprir a lei;
nós, muito mais do que os outros.
Então,
eu venho aqui pedir a vocês que essa Lei seja cumprida. E vocês têm condições
de fazer isso, porque a partir do momento em que essa Lei for implantada, de
fato, nós começaremos a combater o racismo desde a infância, dizendo que os
príncipes não são brancos, que eles também eram negros, que as pessoas do bem
são brancas, mas as pessoas negras também são do bem. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Temos três representantes dessa temática
muito forte, e um que trabalha bastante sobre isso é o Ver. Tarciso Flecha
Negra, assim como o Ver. Delegado Cleiton.
O
Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra para uma Comunicação de Líder e
depois prossegue, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras. Srs.
Vereadores, quero aqui cumprimentar nossa querida Elis Regina pela fala. Elis,
não é de agora a minha luta. Minha luta não começou quando entrei aqui como
Vereador: minha luta começou aos 10, 11 anos de idade. É que eu não entendia,
eu era uma criança e não entendia essa discriminação. Sobre o que tu falaste
dos colégios, nós temos que fazer os nossos filhos entenderem sobre a nossa
raça, porque, quando se chega à minha idade, isso só causa ódio, raiva,
desgaste; senão, vão continuar nos enganando. Tiraram as correntes das pernas
dos negros, mas a corrente invisível ainda não tiraram! É uma grande mentira
que o negro hoje tem... O negro não tem nada, o negro tem pouquíssima coisa
dentro deste País, que ele ajudou a construir com lágrimas, com suor, com
sangue e com suas vidas! Estou aqui agora desabafando por tudo o que vi dos
meus pais, por tudo o que vi da minha mãe. Que difícil! Eu pedi já faz dois
anos, e essa lei para as escolas já tem dez anos! Já faz dois anos que o Museu
do Negro foi aprovado. O Museu do Negro não é o Tarciso, o Museu do Negro é o
Zumbi dos Palmares, é o João Cândido, da Revolta da Chibata. Muitos estão
pensando que o Museu do Negro vai levar o nome de Tarciso. O Tarciso é mais um
negro para que as nossas crianças, para que as escolas possam ir buscar no
Museu do Negro – não só as crianças negras, mas as crianças brancas também,
porque, assim, vamos ter os brancos entendendo os negros, e os negros
entendendo os brancos. Aí poderemos ter paz.
Todo
mundo ajudou a construir este País, assim como os imigrantes italianos,
alemães, judeus. Gente, nós brincamos de falar que o Brasil está se
desenvolvendo num país de Primeiro Mundo. Mentira, uma grande mentira! Falta
muito ainda. País de Primeiro Mundo não é meia dúzia com caminhões, com jamanta
lotada de dinheiro, isso não é país de Primeiro Mundo. País de Primeiro Mundo é
educação, é respeito, é humildade, é chegar num país com menor violência, em
que o povo é bem tratado, onde o povo pode ser hospitaleiro com quem vier
visitá-lo.
Então,
as escolas podem começar o grande processo neste País de fazer... porque, sem o
Tarciso entender a sua raça, sem o Tarciso entender o que os seus antepassados
fizeram, vai ser difícil o Tarciso compreender e aceitar! Precisamos de
professores bem pagos para poder ensinar, para que possa haver respeito mútuo
entre aluno e professor.
Museu
do Negro: que coisa monstruosa, que coisa monstruosa, que coisa difícil! Porto
Alegre tem 50% de afrodescendentes, e não tem um museu do negro! Isso é uma
vergonha! É horrível falar isso, Ver. Janta! Cinquenta por cento de
afrodescendentes em Porto Alegre, e eles não têm a sua história estampada em um
museu! Eu não estou preocupado com se vão fazer um museu ou não. Eu estou
preocupado é com o destino deste País, com o destino dessas crianças que estão
vindo. Será que essa corrente negra vai continuar invisível?
Nós
fizemos um seminário, outro dia, na semana retrasada, em que estavam todas as
lideranças negras. Nós pedimos, imploramos. Até quando, Elis Regina, nós vamos
ter que mendigar com chapéu na mão, pedir esmola? A escravidão acabou? A
escravidão não acabou nada! Mentira! Vamos parar de enganar. Eu não sei até
quando vamos mendigar. Agora, eu tenho uma certeza: tudo que eu fiz na minha
vida, Presidente, eu busquei. Busquei com luta, como o meu pai e a minha mãe.
Mesmo saindo desta tribuna e deste Plenário, eu vou continuar a minha luta,
pelos meus descendentes que virão, pelos meus filhos, pelos meus netos, pelos
netos de todos nós, negros! Eu vou continuar. Um dia vão falar que o Tarciso
tentou o museu do negro para Porto Alegre. Obrigado, Presidente. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Paulinho Motorista está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PAULINHO MOTORISTA: Boa-tarde, Presidente. O nosso Doutor,
Derly, pessoal da Mesa, nossa Presidente Elis Regina – é um prazer tê-la aqui.
Falando
do negro, quando me conheci por gente e comecei a entender a vida, desde
pequeno, a minha mãe já me ensinou, quando eu chamasse as pessoas pelo nome, a
não dizer “aquele negro”. Não. Se eu chamasse uma pessoa de “negro”, não
chamasse pelo nome, eu tomava a maior surra. Essa educação tem que ser já de
berço. As crianças têm que aprender isso desde que nascem, e, depois, quando vão
para o colégio, a professora deve ensinar a chamar a pessoa pelo nome, não de
“negro” ou “negra”, porque “negro” e “negra” não existe. Nós somos todos
pessoas iguais. Tanto o branco quanto o negro têm o seu valor pela humildade e
simplicidade com que levam a vida; prepotência não dá nada a ninguém. Então, um
não tem um valor menor ou maior; o branco e o negro têm a mesma capacidade; não
é pela pele, pela cor que se diz que o cara é ou não é.
Eu,
particularmente, sou contra o racismo. Chego a ficar furioso se eu vejo uma
situação de racismo na minha frente, porque eu não admito o racismo. Aliás, a
gente não admite diferenças de pessoas por cores, porque, tanto o branco quanto
o negro, isso aí é independente, é o coração, é a maneira com que se leva a vida
na humildade e na simplicidade e não porque é melhor ou maior por diferença de
pele. Quem somos nós no mundo para diferenciar por diferença de cor de pele? O
maior de todos, todos sabem, é Deus, é o que coordena todo mundo. Ele, sim, é o
maior; agora, nós, aqui na Terra, seja branco, seja preto, seja amarelo, somos
todos iguais. Prepotência não leva a nada.
Eu
trabalhei 24 anos como motorista de ônibus, profissão da qual me orgulho, e
presenciei várias vezes, sim, como o nosso Ver. Tarciso falava agora – às vezes
eu comento com o Ver. Delegado Cleiton, nosso amigo aqui –, situações até de
abordagem: “Ah, vamos abordar aquele ali, porque aquele ali é negro”. Isso aí é
inadmissível, sabe? A culpa, às vezes, é do cara que está junto, um cara
branco, um cara amarelo. O negro, às vezes, não tem nada a ver com a situação e
é, sim, discriminado, como acabou de falar a nossa Presidente Elis Regina. Isso
aí não pode acontecer! A gente vai aqui, com ajuda dos 35 Vereadores, meus
colegas aqui, fazer de tudo para que esta lei seja cumprida. O Ver. Tarciso
acabou de falar sobre o Museu, e a gente vai fazer a maior força para que ele
se realize.
Eu
quero dizer a todos, esta é a minha palavra, que os pais já têm que ensinar a
criança, desde que a criança já entenda essa diferença, porque até o pai acaba
falando esse tipo de coisa, fazendo essa discriminação, e a criança já se cria
com aquela discriminação, chega no colégio e começa a apontar o coleguinha,
porque é preto, porque é amarelo. Isso aí não pode acontecer, a educação já tem
que partir de casa, passando pela escola, e os professores têm, sim, o dever de
ensinar a criança. A criança tem que ser tratada pelo nome, com todo o respeito
que a gente tem que ter, e não por pele, por cor. Isso aí já tem que vir de
berço, isso aí a gente não vai aprender depois que ficar velho, tem que vir de
berço, os pais têm que ensinar e acabar com esse racismo. Eu, particularmente,
sou contra o racismo....
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede tempo para o término do
pronunciamento.)
O SR. PAULINHO MOTORISTA: ...Eu acabo saindo fora do ar quando vejo
uma situação de racismo na rua, no ônibus, departamentos ou em outros locais em
que as pessoas são discriminadas. Eu acho isso aí um absurdo, não pode
acontecer no mundo de hoje, porque todos somos iguais, é como eu disse: o maior
de todos é Deus; quem somos nós para julgar o outro pela pele, pela cor, seja
pelo que for? O respeito tem que haver de ambas partes, para que a gente tenha,
como disse o Ver. Tarciso, um mundo melhor, com respeito acima de tudo. Um
abraço a todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Ver. Paulinho.
Quero destacar aqui a presença, Ver. Bernardino,
Ver. Tarciso, do nosso Ver. Antônio Brito, de Erechim. É um prazer tê-lo aqui,
obrigado pela presença.
Apregoo Requerimento, de autoria do Ver. Delegado Cleiton, que solicita
representar esta Casa no dia 24 de maio, no Auditório da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos. O assunto a ser tratado é o Seminário de Oportunidades
para a Juventude Negra, promovido pela Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República.
O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Ainda no período da Tribuna Popular, eu quero, com a vênia de V. Exa.,
utilizar os dois minutos do Democratas, para cumprimentar a nossa convidada de
hoje, a Elis Regina de Vargas, Presidente da União de Negros pela Igualdade.
Dizer-lhe que – não me desculpando, mas esclarecendo – eu sou um soldado de um
exército de um homem só, pois, do meu Partido, sou só eu que se encontra aqui
na Casa. Eu não pude ouvir todo o seu pronunciamento, na medida em que fui
chamando para atender outra situação gerada neste meio tempo, mas ouvi o
suficiente. O Ver. Tarciso conhece muito bem as minhas posições, e mais
presentemente o Ver. Paulinho Motorista, e quero dizer a V. Sa. que me somo à
manifestação deles e a de quantos outros que já se manifestaram, até porque, quando
se fala em diferenciação da cor, eu não sei se eu sou marrom, branco, róseo, ou
o que eu sou, na realidade. Mas este País, com a graça de Deus, tem propiciado
uma integração racial admirável em todos os quadrantes do mundo. Eu confio que
a tolerância, e não a intolerância, vai se sobrepor a tudo, e que nós, cada vez
mais, promoveremos a integração. Eu tenho orgulho de dizer que nos meus
relacionamentos eu tenho pessoas de todas as epidermes e não faço distinção
entre elas. E mais: carinhosamente, desde o seu nascedouro, nós chamamos de
Preto o meu filho, que é o meu guru jovem, porque ele é mais marrom do que eu.
E o fato de saber que ele tem muito orgulho de ser chamado de Preto me deixa
muito feliz. Então, a minha solidariedade é de coração. Muito obrigado para a
senhora.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra, nos termos do art. 206 do
Regimento
e depois prossegue em Comunicação de Líder.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr.
Presidente, Ver. Dr. Thiago; Sra. Elis Regina, Srs. Vereadores, funcionários
desta Casa, senhores e senhoras, especialmente os militantes das causas do povo
negro, aqui não fala um moreno, aqui não fala um marrom, aqui fala um negro.
Nós, negros, no dia 13 de maio, poderíamos, em nossa terra, nossa terra-mãe e
matriz, sermos príncipes, princesas e rainhas, no entanto, viemos em navios,
como animais, e por uma situação econômica, não outra causa, motivada pelo
capitalismo, tivemos essa falsa liberdade. A Lei Áurea, para nós, foi simplesmente
nos jogarem nas ruas, mas, graças à nossa força de guerreiro, aos nossos
militantes, aos nossos guerreiros... E aí, sim, saúdo Zumbi, saúdo João Cândido
e saúdo vários lutadores e guerreiros que trouxeram para dentro dessa luta o
espírito desse sangue derramado pelos negros.
Muitas vezes, me questionam: “vocês querem
igualdade, mas vocês falam em cotas, vocês querem igualdade, mas estão sempre
reclamando da situação”, só que essa reclamação e essas cotas são para que tenhamos, sim, uma igualdade
racial e uma igualdade social. Não é justo que 70% dos homicídios, das
violências contra jovens, que não chegam a atingir a idade de 23 anos, seja
contra jovens negros; não é justo que, além da violência doméstica, além da
falta de consideração, quando se vai procurar um emprego, muitas vezes, com a
desculpa do modelo, da aparência, as nossas mulheres negras sejam, mais uma
vez, vítimas do mercado de trabalho.
Há
pouco tempo, na Academia de Polícia, dei aulas sobre Direitos Humanos para 350
policiais, e o tema era minorias, racismo e discriminação, e, quando a
Presidente Elis nos falou do tratamento aos jovens negros, vi grandes situações
que, infelizmente, ainda estão se passando: aquele racismo velado ainda
persiste em vários policiais, que têm como perfil do marginal o jovem negro, o
jovem da periferia. E essa mudança só virá com educação, com visibilidade, com
o fortalecimento, o empreendimento e a execução da Lei nº 10.693, que inclui e
obriga que tenha no currículo escolar a história, as lutas e a cultura do povo
negro. O que precisamos é de uma democracia racial, e é isso que buscamos.
No
ano que vem, teremos os 100 anos de Abdias do Nascimento,
um grande guerreiro que, por um acaso, nasceu no mesmo dia em que o nosso poeta
da abolição, Castro Alves, e foi sugerido, aqui, que essa seja uma data de luta
e conscientização. Esse guerreiro era um que, por acaso, fazia parte do nosso
partido, o PDT – o que muito nos orgulha –, e os 100 anos de um homem que lutou
pela causa negra devem ser, sim, referenciados. E todos nós daremos, aqui, para
a nossa Câmara, um trabalho que envolva cultura, educação, arte e que fale das
nossas lutas e da nossa representatividade.
Saúde,
segurança e paz a todos, e muito axé às lutas da causa negra. Obrigado,
senhores.
(O Ver. João Derly
assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): O Ver. Elizandro Sabino está com a palavra, nos termos do art.
206 do Regimento.
O SR. ELIZANDRO SABINO: Sr. Presidente, Ver. João Derly, queremos, em
nome da Bancada do PTB – dos Vereadores Cassio Trogildo, Alceu Brasinha e Paulo
Brum –, transmitir nossa palavra de parabenização pelo trabalho realizado pela
presidente Elis Regina, do movimento União de Negros pela Igualdade. Quero
também saudar a fala dos nossos colegas, Ver. Tarciso Flecha Negra e Ver.
Delegado Cleiton, que representam nesta Casa justamente este movimento também.
Quero dizer que uma das marcas do Movimento é justamente a redemocratização,
quando no ano de 1988, na Constituinte, surgiu o Movimento Negro, portanto,
fazendo 24 anos dessa participação ativa, combatendo toda forma de racismo,
discriminação e desigualdade racial.
Também quero referir que este movimento é a
marca do Dia Internacional da Luta pela Eliminação do Racismo, é a marca do Dia
Nacional da Consciência Negra. Este Movimento promoveu o Movimento Brasil
Outros 500, resistência negra, indígena e popular, e também a Marcha a Brasília
pelos 300 anos da imortalidade de Zumbi dos Palmares. Portanto, é uma marca
efetiva de trabalho, de luta, e queremos, em nome da nossa Bancada e deste
Vereador, parabenizar por esta luta contra o racismo, especialmente contra a
injúria preconceituosa, pois assim estabelece o Código Penal para o crime de
racismo, e parabenizar a presidenta pelo trabalho realizado e pelo engajamento
nessa luta tão importante no nosso Brasil, no nosso Estado, especialmente na
cidade de Porto Alegre. Parabéns.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Derly): Obrigado, Ver. Elizandro Sabino.
O Ver. Pedro Ruas está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento e depois prossegue sua manifestação em Comunicação de
Líder.
O SR. PEDRO
RUAS:
Ver. João Derly, que preside os trabalhos; falo também em nome da Ver.ª
Fernanda Melchionna; Sra. Elis Regina de Vargas, Presidente da Unegro – União
de Negros pela Igualdade, é muito bom tê-la aqui na Casa do Povo e poder, neste
momento, neste dia, sobre este tema falar na sua presença. Vereadoras,
Vereadores, o tema do racismo mobiliza todos nós, ou uma boa parte, há muitos
anos. Tem um episódio, Ver. Melchionna, que me toca muito. Não é um episódio
tão antigo, é de 2006. Estávamos numa campanha eleitoral do PSOL na Vila Nova,
na Suzana Dorneles, e uma senhora com um menino de uns 12 ou 13 anos veio falar
comigo; ela era cliente do meu escritório. Era uma senhora negra com um menino;
ele me abraçou e se apresentou, dizendo que queria ser juiz ou promotor. Eu saí
dali muito abatido, porque, estatisticamente, a possibilidade daquele menino se
tornar juiz ou promotor, no nosso País, era muito baixa, mas não impossível. Um
menino negro, da periferia, estudante de escola pública, antes da existência
das cotas, em 2006, era pouco provável que se tornasse juiz ou promotor. Aquilo
me deu um abatimento muito grande. Isso eu queria relatar para vocês, além de
um outro episódio, Ver. Sofia Cavedon, que é bem diferente desse, mas que
começa também com a ideia pesada, cruel, desumana do racismo. Há cerca de 40
anos, em Caxias do Sul, um menino se formou no ginásio. Eu sou do tempo que se
fazia primário, ginásio e cientifico ou clássico. Ele se formou no ginásio, em
Caxias do Sul, e era o único negro da turma. Na sua formatura, ele não pode
entrar na escola; na formatura dele! Esse menino estudou, fez o científico e
tornou-se um grande sindicalista. Hoje, ele é um dos maiores Senadores da
República, é o Senador Paulo Paim. A história de Paulo Paim é uma história de
exceção, é um grande exemplo, é muito motivadora. Isso ocorreu com ele. Eu
estive, agora, com o Senador Paim, num evento de combate à homofobia, e o
Senador Paim aproveitou e levou adiante uma ideia de um Deputado Federal, amigo
do Abdias Nascimento, o Deputado Federal que o Ver. Nereu D’Avila conheceu bem,
o Caó, do Rio de Janeiro, que é o criador da Lei antirracismo, do PDT do Rio de
Janeiro, dos anos 1980, incorporada na Constituição Federal. E o Senador Paim
pediu licença ao Caó para colocar – vejam bem a importância disso – nos mesmos
termos da Lei antirracismo, que hoje vigora na Constituição Federal, em termos
mundialmente exemplares, porque é um delito imprescritível e inafiançável... O
Senador Paim, aquele menino que não podia entrar na escola, na sua própria
formatura, em Caxias do Sul, é hoje autor do Projeto que incorpora, na Lei
antirracismo, a Lei anti-homofobia, colocando como crime a homofobia nos mesmos
termos do racismo, ou seja, também imprescritível e também inafiançável, Ver.
Paulinho.
A nossa sociedade é muito cruel, o racismo – que
é uma chaga entre nós – era muito pior antes de 1988, e aqui fala, Ver. João
Derly, que é um jovem lutador, alguém que tem quase o dobro da sua idade, e que
antes de 1988 já militava nas mesmas causas. E eu sei, Presidente Elis Regina,
que fez diferença a criminalização pesada do racismo a partir de 1988, Ver.ª
Fernanda Melchionna, outra jovem lutadora. Antes de 1988 era muito mais difícil
combater o racismo, portanto, ele era muito mais expresso, ele acontecia,
Delegado Cleiton, ele acontecia a todo o momento de forma escancarada.
Na Faculdade, eu tive um Professor de Direito
Penal chamado Vasco Della Giustina, um Desembargador, ele me dizia assim: “O
Direito Penal não se preocupa com quem pensa em matar alguém, porque todos
pensam; o Direito Penal se preocupa com quem tenta”. Nós não podemos
regulamentar o pensamento das pessoas, não está ao nosso alcance, é um fator
cultural que não está ao nosso alcance direto, mas, na Legislação, está. Se não
podemos regular pensamentos, podemos coibir comportamentos, podemos atuar sobre
procedimentos, sobre a ação humana. E este é o sentido de cada projeto de lei,
este é o sentido de uma legislação importante como a que coloca o racismo como
crime imprescritível – jamais prescreve – e inafiançável. Daqui a 50 anos,
alguém pode ser processado pelo racismo cometido no dia de hoje.
Para todos nós, da Câmara Municipal, é
importante hoje fazer este registro, para que possamos hoje refletir sobre a
necessidade e a importância da legislação que criminaliza os comportamentos
desumanos, que é o caso do racismo, é o caso da homofobia, é o caso de tantos
outros.
E não é demais lembrar, Presidente Elis Regina,
que Porto Alegre, por meio desta Câmara Municipal, por pessoas que nos
antecederam aqui, em 1884, quatro anos antes da abolição da escravatura, aboliu
a escravidão em Porto Alegre, foi a primeira Cidade do País. Acho importante
este registro, porque também temos algum motivo de orgulho. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Derly): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Cumprimento
a Presidente, em nome do nosso Partido; de fato, com efetividade, os nossos
Governos Lula e Dilma têm se preocupado com esse tema, por reconhecer o País
profundamente racista e autoritário. Diferente do que muitos acham e dizem, que
o Brasil é o País da diversidade, ele é racista. O Brasil é o País que teve o
mais longo período de escravidão que submeteu o povo negro e que, após essa
escravidão, não teve nenhuma reparação na sua perda de capital cultural, na sua
perda de dignidade e de capital econômico, inclusive. Por isso, o Brasil criou
a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR –, em 2007,
tencionando, transversalmente, todas as políticas governamentais. Por isso, no
período do Governo Lula e Dilma, nós estamos demarcando terras quilombolas com
as polêmicas todas que há com os donos, vizinhos e proprietários das terras, ou usurpadores das terras dos índios.
Por isso, que nós tivemos o nosso Senador que falou aqui, o Ver. Pedro Ruas,
que muito nos orgulha, ponteando o debate do Estatuto da Igualdade Racial neste
País, que não saiu exatamente conforme a expectativa do povo negro, mas que é
sempre um marco legal e importante na conquista de outras questões que foram
muito questionadas, como as cotas. Hoje, no Brasil, não se discute e se
questiona mais sobre as cotas, obviamente que há quem se rebele, mas as cotas
estão instaladas e instituídas. Nós queremos que haja cotas em todos os
concursos públicos para fazer essa reparação. Eu quero dizer que isso não está
concluso, todas as demandas que tu trazes aqui estão corretas. Eu quero aqui
lembrar que o MinC – Ministério da Cultura – lançou um edital que pretendia
colocar R$ 9 milhões em incentivos à cultura negra, pasmem, foi bloqueado
judicialmente, e a opinião do Juiz é de que não poderia excluir sumariamente as
demais etnias e que os editais destinados exclusivamente aos negros abrem um
acintoso e perigoso espectro de desigualdade racial. Esse fato serve para nos
darmos conta de o quanto ainda temos que construir de consciência, neste País,
desse profundo déficit que o povo negro tem, da dívida social que nós devemos
ao povo negro, e das ações afirmativas que alterem a cultura discriminatória,
que é o que mais atinge a dignidade dos nossos meninos e meninas.
Então,
nós queremos parabenizá-la pela luta e dizer que nos somamos a ela; não haverá
democracia efetiva sem a igualdade racial. Parabéns.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): O Ver. Márcio Bins Ely está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, pelo Governo.
O SR. MÁRCIO BINS ELY: Sr. Presidente, Ver. João Derly, eu
também quero aqui fazer uma saudação a Elis Regina, e também me somar à
intervenção do nosso colega, Ver. Delegado Cleiton, que já se manifestou em
Liderança pelo nosso Partido, o PDT. Também quero trazer, aqui, uma palavra da
Bancada trabalhista, composta nesta Casa por este Vereador e pelos Vereadores
Nereu D’Avila, Presidente Dr. Thiago, Mario Fraga, Maria Luiza, Clàudio Janta e
Delegado Cleiton, para dizer que queremos nos somar a essa questão de políticas
públicas de combate ao racismo. Quero dizer que o nosso Partido deu a
oportunidade, de maneira pioneira, às lideranças expressivas negras no Brasil,
como o Senador Abdias; o nosso colega Vereador e, depois, Governador do Estado,
Alceu Colares. Aqui, recentemente, as nossas Bancadas integradas, e eu tive a
honra de participar desde 2004 de Bancadas que tiveram a presença de Vereadores
negros, tais como o Alex da Banca, o próprio Ver. Tarciso Flecha Negra e agora
o Delegado Cleiton. Eu quero dizer também que nós queremos nos somar e
cumprimentar por essa iniciativa a União de Negros pela Igualdade, a Unegro,
referente a essa questão abordada hoje de políticas públicas pelo fim do
racismo.
Envie
os nossos cumprimentos, Elis Regina, a toda a Diretoria, e um forte abraço da
Bancada do PDT. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): O Ver. Professor Garcia está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezada Sra. Elis Regina, falo em nome
do nosso Partido, o PMDB, da Ver.ª Lourdes Sprenger, Ver. Idenir Cecchim e Ver.
Valter Nagelstein, que se encontram nos Estados Unidos em representação oficial
com o nosso Prefeito. Quero dizer que, por incrível que pareça, estamos no século
XXI, terceiro milênio, e nós ainda estamos discutindo. É que o ser humano ainda
não compreendeu que somos todos iguais. Enquanto muitos discutem a dimensão das
espécies dos seres vivos, nós ainda discutimos entre irmãos. Mas isso está
muito mais latente do que pensamos. E não só aqui. Na Europa, eu que sou da
área do esporte, sabemos que nas competições esportivas seguidamente têm
aparecido manifestações, e as confederações dos países de lá têm sido muito
severas. Quando ocorre, os jogadores são suspensos, ficam por 90, 120 dias
suspensos, os estádios ficam interditados, porque respeitam e entendem a
questão da igualdade. Eu falava há pouco tempo com o Júlio Pacheco, estava aqui
na Sociedade dos Moradores do Padre Cacique, e quero saudar o André, do Movimento
Negro do PMBD, quero dizer que eu lembro que há uns 40 anos, eu, morador do
Menino Deus, frequentava o Grêmio Náutico Gaúcho, e alguns amigos, o Marcílio
Dias. Só que eu não podia frequentar o Marcílio Dias, e eles não podiam
frequentar o Grêmio Náutico Gaúcho. O que nós fazíamos? Nós pegávamos as nossas
roupas, enterrávamos no chão e jogávamos bola e depois íamos tomar banho no
Guaíba. Nós fizemos isso por vários anos, até que um árbitro de futebol, José
Luiz Barreto, pai do Barreto, que há pouco tempo parou – Ver. Tarciso Flecha
Negra, o senhor que é da área do futebol –, teve a ousadia, na época, de entrar
com uma ação contra o Grêmio Náutico Gaúcho, meu clube até hoje, porque eu sou
sócio desde 1962, há 51 anos, porque ele era negro e não podia fazer parte.
Ganhou, baseado na Lei Afonso Arinos, quer dizer, coisas que parecem
longínquas, mas são recentes.
Eu
quero te parabenizar, porque esse tema tem que estar sempre presente, porque
53%, sim, mas, hoje, todos os movimentos, tudo está dentro disso, e o Brasil
foi um País... E nós falamos muito na lei que libertou a escravidão, mas quase
70 anos depois de toda a América Latina já ter feito esse movimento. Aqueles
países, quando foram à sua libertação, partiram para um processo democrático
republicano; o Brasil ainda continuou em um sistema imperialista. Então,
parabéns porque essa luta continua latente. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. TARCISO FECHA NEGRA: Presidente, quando eu fui à tribuna, os
cinco minutos eram de Liderança e eram do Líder, e os dois minutos eram da
Bancada. Eu esqueci de citar a Bancada do meu companheiro Bernardino
Vendruscolo. Estamos juntos, a Bancada PSD está junto nesse tempo.
O SR. PRESIDENTE (João Derly): Registrado. A Ver.ª Fernanda Melchionna
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, pela oposição.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Obrigada, Ver. João Derly. Eu queria
agradecer ao nosso Líder da oposição, Ver. Pedro Ruas, por ceder o tempo, a
oposição é composta pelo PSOL, o PT e o PCdoB. Queria cumprimentar a Elis
Regina, da Unegro, assim como todo mundo que veio representando o movimento
aqui, na tarde de hoje, na Câmara, e dizer rapidamente três coisas, porque
somos muito contemplados pela sua fala, pela fala dos colegas que nos
antecederam.
Quero
relatar um caso que nós recebemos na Comissão de Direitos Humanos, inclusive
nessa terça-feira, em relação à violência dentro de supermercados. Um dos
casos, Elis, era, casualmente, de um jovem negro, gari, que foi ao supermercado
comprar e foi revistado e humilhado, na frente de todo mundo, na saída,
simplesmente pela cor da pele e pela sua profissão: um caso de racismo. Nós
chamamos os donos da rede para virem se posicionar na Comissão; não vieram à
Comissão, mas nós levaremos o assunto adiante, esse e outros casos de violência
relatados na nossa Comissão.
Segundo:
um outro caso que passou por nós, o caso dos dois jovens, um da Guiné-Bissau e
outro de Benin, que estavam em um ônibus, conversando, e foram violentamente
abordados pela Brigada simplesmente pela sua cor da pele ou porque um jovem
negro não poderia ter um tênis como o tênis que o jovem usava. Nós denunciamos,
à época, e a Corregedoria da Brigada ou a sindicância que foi feita disse que
aquilo não foi caso de racismo. Se isso não é racismo, eu não sei o que é
racismo, porque, de fato, é a representação do racismo institucional e da luta
que devemos ter, da capacitação, do combate ao racismo, do planejamento para a
juventude negra, coisas que tu nos falaste.
E
eu quero colocar a Comissão à disposição de vocês para todas essas pautas; sou
Presidente da Comissão de Direitos Humanos, muitos Vereadores que integram esta
Comissão estão aqui. Acho que um tema premente é a questão da implementação da
Lei nº 10.639 no Município. Conte conosco nessa luta, e parabéns pela
mobilização.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): Obrigado, Ver.ª Fernanda Melchionna. A
Ver.ª Mônica Leal está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. MÔNICA LEAL: Sra. Elis Regina, em nome dos Vereadores
Nedel e Villela, da Bancada Progressista, estou aqui para dar o total apoio e
dizer que faço parte dessa Comissão, e que nós estamos atentos contra qualquer atitude de racismo. Estamos
juntos nessa luta. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): Gostaria de fazer algumas considerações,
eu venho do movimento do esporte, Elis Regina, e tenho um grande conhecimento
esportivo. O maior atleta vencedor em mundiais de todos os tempos foi um
francês, negro, que fez história. Quem não lembra de Jesse Owens quando curvou
Hitler, que achava que existia uma raça superior as outras? O esporte
demonstrou a superioridade do negro na velocidade dentro do atletismo. Então, é
o esporte marcando que não há diferenças pela cor; nós somos diferentes na
forma de pensar, mas o nosso exterior não é o que nos marca. E nós devemos
tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais, dando oportunidades a todos.
A
Sra. Elis Regina Gomes de Vargas, Presidente da Unegro, está com a palavra para
as considerações finais.
A SRA. ELIS REGINA GOMES DE VARGAS: Estava brincando com o Ver. João Derly,
a quem agradeço a oportunidade, pois quando propusemos essa atividade, foi ao
gabinete dele
que nos reportamos e queremos agradecer.
Nas considerações finais, Ver. Tarciso, queria
dizer que o Movimento ficou sabendo da sua audiência pública e de toda a
questão que o senhor estava colocando, e que nós achamos muito importante. Mas,
às vezes, quando nós, negros, não estamos nas atividades, isso não significa
que a gente não queira estar lá. Porque, se o senhor observar, nós não somos
liberados para fazer o debate, nós não estamos nos espaços de Poder, nós não
estamos nos cargos de confiança, nós somos minoria; nós temos que trabalhar para
dar de comer aos nossos filhos; rezando para que tenha uma creche para não
precisarmos prendê-los em casa, e sermos tratados como os violadores de
direitos. Muitas vezes, temos dificuldades, sim. Nós precisamos de atividades
para debates à noite, sim. O Ver. Bernardino foi meu patrão! Fui funcionária
dele. E a gente cumpre hora, tem horário. Isso é importante salientar. Quero
dizer ao Ver. Paulinho Motorista, que assim como a sua mãe ensinou a ele
respeito, isso não acontece em todas as famílias. Por isso, nós precisamos da
Lei nº 10.639 dentro da escola sendo ministrada, para que desde pequenas as
crianças aprendam a se respeitar, a se amar, a não terem diferença. Isso será
um grande avanço, porque a gente aprende. Se não me engano, o Mandela disse que
ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou
ainda por sua religião; para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. Acho que a Lei nº 10.639 é isso.
Enfim, acho que já está de bom tamanho. Mas precisamos de ajuda e não estamos
pedindo favor, isso é Lei. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): Estão suspensos os trabalhos para as
despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h21min.)
(O
Ver. Bernardino Vendruscolo assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo
– às 15h22min): Estão
reabertos os trabalhos.
A
Ver.ª Mônica Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MÔNICA LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, pessoas que nos
assistem, funcionários desta Casa, imprensa, eu trago como referência para a
minha fala a coluna do jornalista Juremir Machado, do jornal Correio do Povo de
quarta-feira. Assim que li, recortei, marquei frases que me chamaram a atenção
e busquei mais informações para corroborar o que ele escreveu.
Para
quem não leu, digo, antes de mais nada, que Juremir Machado rendeu-se a um
assunto que, até então, parecia longe da sua coluna, sempre dedicada à
política, à cultura, de uma forma geral. Como título sugestivo, ele colocou:
“Faroeste no Bom Fim”. Ele, como morador do bairro, discorre sobre um local que
não é o que ele conhece e onde vive há tanto tempo. Pois eu, aqui desta
tribuna, parafraseando o jornalista, digo que a cidade de Porto Alegre não é a
mesma que eu conheço há tanto tempo; assim como o Estado do Rio Grande do Sul
também não.
Cinco
frases do texto do colunista se generalizam, extrapolam o território do
tradicional bairro judeu de Porto Alegre e podem ser usadas para descrever
muitos locais da nossa Cidade e do nosso Estado. Vamos lá: “...Virou terra de
ninguém...”; “...Vem sendo dominado por assaltantes...”; “...Ninguém está
seguro...”; “...O clima é de medo...”; “...Só as autoridades não parecem
alarmadas...”.
É
a minha fala recorrente desta tribuna. Por onde eu tenho andado, eu tenho
registrado que nós estamos perdendo o jogo para a criminalidade porque não há
policiamento ostensivo nas ruas. E não precisa ser expert em segurança para constatar isso.
O
texto descreve bem o espanto e a tensão que estão vivendo moradores,
frequentadores e comerciantes do bairro Bom Fim frente à onda de assaltos e
roubo de carros. Quando nós chegamos a um ponto em que a sociedade tem que
clamar pelo seu direito básico de ir e vir com segurança, pelo direito básico
de trabalhar, é porque algo está realmente errado neste Estado. Ora, no momento
em que o comércio trabalha de portas fechadas e ostenta cartazes dizendo que –
é impossível acreditar – estão trabalhando de portas fechadas por medo da
violência, está declarada a falência do Estado nessa área. Não existe outra
confissão a fazer, senhores e senhoras, senão esta. É só mais um registro que
faço sobre segurança, chocada com esse avanço indiscriminado da criminalidade,
com o qual não me conformo e que é comprovado também pelos índices recentes de
pesquisas – eu tenho esses dados aqui, eu retirei dos jornais Zero Hora e
Correio do Povo – feitas pelos institutos e meios de comunicação. Eu tenho a
pesquisa do jornal Zero Hora que coloca a Av. Protásio Alves como a quarta via
mais visada pelos ladrões, e a Rua Ramiro Barcelos como a sexta mais visada.
Ora, eu só posso fazer aqui uma declaração: “Mexa-se Governador do Estado do
Rio Grande do Sul!”, porque nós estamos perdendo esta guerra para a bandidagem
que está, inclusive, se especializando. A gente lê matérias nos veículos de
comunicação que há quadrilhas que roubam estepes, há quadrilhas que levam
carros, há as quadrilhas dos celulares, então, é simplesmente a falência do
Estado do Rio Grande do Sul na questão de segurança. Um detalhe que tem muito a
ver com o que eu vou falar aqui é a velha questão da teoria das janelas
quebradas. Começa assim: permite-se que os desordeiros que estão aí...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede tempo para o término do
pronunciamento.)
A SRA. MÔNICA LEAL: ...Só para finalizar, eu gostaria de dizer
que em qualquer país sério deste planeta a polícia já teria retirado os
desordeiros que não respeitam uma ordem judicial. É inadmissível que não
respeitem a ordem judicial que liberou o corte das árvores. Eu respeito Leis.
Se esta situação perdurar, está instituída a baderna e rompido o Estado de
Direito. Sinto muito. Esta é a minha opinião, e quero registrar que foram
feitas todas as tramitações, eu acompanhei os Partidos, referentes ao corte das
árvores, mas agora existe a Justiça dizendo que está permitido o corte das
árvores, mas os baderneiros estão lá, e nós de braços cruzados assistindo ao
desrespeito a uma Ordem Judicial. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Só para
lembrar aos colegas Vereadores que os pedidos para falar em Comunicação de
Liderança precedem, então vamos passar a palavra à Ver.ª Lourdes Sprenger. Em
seguida, peço a compreensão dos colegas para entrarmos no período de
Comunicações, quando faremos a homenagem agendada à Fundação do Sindicato dos
Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul.
O SR. JOÃO DERLY: Sr. Presidente, fui chamado pelos
Movimentos Negros que querem garantir que acontecerá o período temático de
Comunicações, momento em que eles farão suas manifestações. Estava agendado um
horário, o convite veio num horário, acabou se estendendo. Então, só para que a
gente garanta as manifestações dos Movimentos.
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Não há
dúvida, está garantido; fique tranquilo.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, só para registrar, nós
sabemos que as Lideranças têm precedência. Nós já tínhamos a inscrição da
Liderança de oposição, após o pronunciamento da Ver.ª Lourdes Sprenger, e esta
Liderança de oposição será utilizada pela Ver.ª Sofia Cavedon, ainda antes da
nossa Sessão de Homenagens.
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Atendendo
ao que determina o nosso Regimento, precisamos, sim, garantir o pedido de
Liderança na medida da solicitação das Bancadas.
A
Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. LOURDES SPRENGER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras; não poderia deixar de
registrar e saudar, desta tribuna, a nomeação do Prof. Cláudio Dilda, um
competente quadro técnico do PMDB para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Cláudio Dilda já atuou em várias frentes, especialmente no setor público,
sempre em projetos relacionados ao meio ambiente, setor do qual é profundo
conhecedor. Iniciou sua carreira de gestor da área ambiental como Diretor do
Departamento do Meio Ambiente da Secretaria Estadual da Saúde, ainda no Governo
de Pedro Simon, setor que mais tarde viria a ser transformado em Secretaria.
Foi Presidente da Fepam de 2003 a 2006; durante o Governo de Germano Rigotto,
atuou fortemente em políticas ambientais na área de água e esgoto, preservação
e proteção de mananciais, saneamento das áreas de produção de água, e atuou
ainda no Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama. Portanto, Sr.
Presidente, gostaria de destacar a correção demonstrada ao longo de sua vida
pública pelo Prof. Cláudio Dilda e a competência que demonstrou como gestor.
O
PMDB está nomeando para o Governo Municipal um técnico de reconhecida
capacidade para uma das mais importantes Secretarias, pois terá a
responsabilidade de conduzir as políticas públicas para o Meio Ambiente de
nossa Cidade, função para a qual está preparado como plenamente demonstrado em
seu currículo.
Também
quero destacar os poucos dias de atuação do Procurador Marcelo do Canto, que em
sua atuação colocou publicamente na Internet todas as licenças ambientais
realizadas durante esse pouco espaço de tempo. Obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Bernardino, eu serei muito breve.
Farei o tempo de oposição, mas em menos de cinco minutos, só porque esse timing é importante para os
telespectadores. Na sequência, espero que a gente possa fazer homenagem ao
Sinpro, que está aguardando aqui.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Ver.ª Sofia, o Ver. Sabino e eu abrimos
mão de falar, para ouvirmos o Sinpro. Aí, nós vamos querer falar também, nós
estávamos inscritos antes, mas queremos ouvir o Sindicato. Depois a gente entra
de novo no debate para ouvir o que foi dito pela Ver.ª Mônica Leal. Agora vamos
ouvir o Sindicato; eles estão desde cedo aqui.
O SR. PEDRO RUAS: Eu quero só fazer um registro.
Evidentemente respeitamos a posição do Ver. Janta, tem toda a lógica, mas é que
houve neste período, exatamente neste momento, uma fala importante e séria da
Ver.ª Mônica Leal, que tem todo o direito de ter a sua opinião. Mas há a
necessidade de uma outra posição, de uma resposta que está na voz da Ver.ª
Sofia Cavedon.
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Está bem,
então será atendido.
A
Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela
oposição.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Bernardino, Ver. Pedro
Ruas, Ver. Janta. Apenas vou ficar com a fala da situação e da oposição, para
nós respeitosamente podermos ir à homenagem do Sindicato dos Professores. É
muito importante aqui que a pluralidade seja garantida. A Ver.ª Mônica sabe que
a respeito profundamente, mas nós não podemos aceitar essa classificação – e eu
falo aqui em nome da oposição – de baderneiros aos jovens estudantes que
corajosamente chamam atenção da sociedade para um crime. É crime o que está se
conduzindo nesta Cidade em relação ao meio ambiente, em relação à orla de Porto
Alegre, em relação ao Plano Diretor, que prevê o Parque Usina do Gasômetro, em
relação às milhares de pessoas que usam o entorno do Gasômetro, a Praça
Brigadeiro Sampaio, a Praça Júlio Mesquita nos finais de semana, para o seu lazer,
para a cultura, para o esporte.
E
este apelo não é só da juventude que está acampada. É da Agapan, é dos
ambientalistas! Mas eu vou ler aqui
a manifestação do Instituto dos Arquitetos do Brasil, não é uma manifestação de
alguns jovens rebeldes. O que o IAB diz (Lê.): “1 – O alegado congestionamento
de tráfego não existe. Nem mesmo nas sextas-feiras à tardinha o trânsito para.
Apenas se torna mais lento. Nessa ocasião, poderia ser feita a inversão de
sentido de pistas (sem custo financeiro, ambiental e social). 2 – É um absurdo
que nosso dinheiro vá para uma obra desnecessária quando poderia ir para
escolas, saúde e segurança. 3 – A obra prejudicará a cidade ao criar no mínimo
seis pistas separando a comunidade da Usina do Gasômetro, tornando as vias mais
perigosas com a alta velocidade de automóveis. 4 – Atravessar a pé a avenida
será ainda mais penoso e difícil principalmente para todos, em especial, para
crianças e, grávidas, idosos e pessoas com deficiência. 5 – Em nenhum lugar do
mundo se criam freeways no seu centro
histórico. Ao contrário, criam-se praças onde havia trânsito. 6 – A Prefeitura
poderia investir nosso dinheiro em transporte público, que diminuiria o número
de carros individuais no centro histórico (é o que fazem as cidades que optaram
por se humanizar). [Porque o Centro de Porto Alegre não mais suporta.] 7 – Essa
oposição à obra não é só de ambientalistas. [dizem os arquitetos, Ver.ª Mônica
Leal, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Sr. Prefeito, Sr. Vice-Prefeito, a
sociedade, os comunicadores que estão nas rádios chamando os jovens de
baderneiros.] Somos moradores e cidadãos de Porto Alegre, que vivemos na cidade
e nos informamos sobre cidades mais humanas. 8 – As mais de cem arvores que
querem cortar são necessárias para todos, pois são adultas, levaram décadas
para chegarem a este ponto, fornecem sombra, mantêm flora adaptada, entre
muitos outros benefícios. 9 – Se a Prefeitura tem a capacidade para plantar
mais de milhares de árvores, por que não as planta independentemente de compensação?
10 – No passado foi a população que impediu que Prefeituras destruíssem o
Mercado Público (em nome do progresso) e também a implosão da Usina do
Gasômetro... [O nosso Prefeito Villela, Ver. Pedro Ruas. Não deixaram implodir
a nossa Usina do Gasômetro, e vibramos, porque ela é marca da nossa Cidade.]
Então, não somos do contra, talvez sejamos pessoas com alguma informação a mais
do que as pessoas que se deixam iludir pela mídia. 11 – Também no passado a
população abraçou o Guaíba não contra a avenida Beira-Rio, e sim para impedir
os espigões e postos de gasolina projetados para toda a orla. [Como não no
Pontal do Estaleiro]. 11- A cidade fica mais feia quando tomada por avenidas e
menos praças. 12 – Mais asfalto igual a menos impermeabilidade igual a mais
alagamentos igual a mais desconforto e menos qualidade de vida.”
Quero
encerrar dizendo que a Justiça não autorizou o corte das árvores, a Justiça
cassou a liminar que antecipou tutela. Portanto, a ação continua! Cortar as
árvores, Ver. Pedro Ruas – e V. Exa. fala com mais pertinência – significa dar
fim ao objeto da ação, e o Ministério Público está recorrendo ao STJ. A
Prefeitura está inflexível! Mas, Ver. Bernardino, a Prefeitura chamou os jovens
para negociar. A Prefeitura não reúne o GT que se formou aqui nesta Casa,
desrespeita esta Casa! Ela chamou os jovens, e sabem o que ela disse? Que ela
poderia preservar 30 daquelas árvores! Mas se pode preservar 30, quer dizer que
ela pode alterar o projeto e pode fazer um projeto mais humano.
Este
é o debate que está na Cidade. Respeitem, portanto, aquela juventude corajosa
que representa todos nós, que representa uma cidade muito mais humana, muito
melhor para se viver. Com certeza, um lugar melhor para se viver traz mais
progresso, traz mais desenvolvimento econômico e traz mais turismo.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Passamos
às
COMUNICAÇÕES
Hoje,
este período é destinado a homenagear os 75 anos de fundação do Sindicato dos
Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul, proposto pela Mesa Diretora
da Câmara.
Convidamos
para compor a Mesa: o Sr. Cássio Filipe Galvão Bessa, representante do
Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul; a Sra.
Cecília Farias, representante do Sinpro no Conselho Estadual de Educação, e a
Sra. Glória Bittencourt, representante do Sinpro no Conselho Municipal de
Educação.
Convido
a Ver.ª Sofia Cavedon para falar em nome da Mesa Diretora.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver.
Bernardino, muito obrigada pela condução dos trabalhos.
Prezadíssimos representantes do Sindicato dos
Professores do Ensino Privado do Rio Grande, Cássio Galvão Bessa e demais
membros da Diretoria colegiada que aqui estão; quero cumprimentar a
representante do Sinpro no
Conselho Estadual de Educação, hoje Presidente do Conselho, uma grande
construtora da Educação neste Estado; a Sra. Glória Bitencourt, representante
do Sinpro no Conselho Municipal de Educação. Acho fundamental este registro
para vermos o quanto este Sindicato defende, sim, a sua categoria, mas também
um sindicato que está representado, atuante e participante nos órgãos que
discutem, normatizam, fiscalizam a Educação no Estado do Rio Grande do Sul e na
cidade de Porto Alegre, na nossa Capital.
Hoje
pedimos escusas a vocês, porque a nossa Câmara, de fato, pulsa o dia a dia da
cidade de Porto Alegre, e o tema da Tribuna Popular levou bastante tempo, mas o
tema das árvores do Gasômetro, este é um dos temas pululantes que aqui
acumulamos e construímos encaminhamentos.
Queremos
dizer que 75 anos de um sindicato é algo a considerar e a comemorar, e é um
Sindicato na área da Educação. É o primeiro – pelo que eu li aqui – Sindicato
de professores constituído no Rio Grande do Sul, fundado em 21 de maio de 1938.
É um sindicato que se propõe a defender os trabalhadores da Educação privada do
Estado do Rio Grande do Sul, e não é uma área fácil de defender. Primeiro, a
começar, pela relação privada, que sempre é uma relação de relativos direitos
trabalhistas, de muita flexibilidade, de instabilidade no emprego, de
dificuldade de fazer a luta sindical, exatamente por esta instabilidade. É um
sindicato que encara corajosamente a convicção de que aquilo que faz em escola
privada no Brasil é uma política pública, de interesse público; a Educação,
seja feita por escola pública ou privada, é um direito do cidadão brasileiro,
nesse sentido está previsto na Constituição Brasileira, determinado,
normatizado pela nossa Constituição, pela legislação federal e responde a um
direito público da constituição do ser humano. E o Sinpro corajosamente defende
a categoria dos professores privados com essa dimensão – com essa dimensão! –,
superando as barreiras da relação trabalhista privada, que nós sabemos ser uma
relação bastante difícil.
No Sinpro, nós encontramos, muitas vezes, o
desmonte de escolas que tinham vocações específicas ligadas a determinados
projetos político-pedagógicos, que as comunidades escolares resistiram para não
os desmontar – eu poderia citar várias que passaram aqui pelas Comissões de
Educação –, e o Sinpro sempre ali do lado fazendo o debate do direito dos
professores e, ao mesmo tempo, o debate da manutenção de uma educação de
qualidade, do direito a uma educação de qualidade. Não é à toa que o Sinpro é
um sindicato cidadão. Adotou a dística e o conceito de sindicato cidadão lá na
década de 90, e nós percebemos que o Sinpro propõe, promove cidadania, formação
cultural dos seus professores, a formação pedagógica dos seus professores, não
se vincula apenas à luta corporativa, que é fundamental – aliás, é a essência
da existência –, mas amplia essa luta, porque tem essa consciência, a de que o
professor conquista os direitos trabalhistas à medida que conquista a
valorização da sua profissão. E a valorização da sua profissão passa pelo
debate pedagógico, passa pelo debate do sentido da Educação neste País e passa
pela articulação com as lutas dos demais trabalhadores.
Encerro parabenizando o Sinpro por essa postura
de estar vinculado às lutas dos demais trabalhadores, de estar mobilizado na
Conae – Conferência Nacional de Educação, mobilizado na discussão das centrais
sindicais, mobilizado nas mobilizações que o Brasil, que os trabalhadores levam
no País pelos direitos dos trabalhadores de forma geral, por um país mais
justo, por um país mais democrático, por um país que, de fato, priorize a
Educação.
Então, o nosso orgulho de ter esse Sindicato na
nossa cidade de Porto Alegre, com a sua marca sindical, mas com a defesa de uma
Educação que, sendo realizada pela empresa privada, é um direito público; portanto,
a ser defendida e ser qualificada. Parabéns, e longa vida para o nosso querido
Sinpro!
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Obrigado, Ver.ª Sofia Cavedon.
A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores,
Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome da
Bancada do Partido Progressista, dos Vereadores Nedel, Villela e desta
Vereadora, o nosso sincero respeito, o orgulho pelo trabalho que vocês fazem,
porque eu sei da importância da Educação. Eu fui Secretária da Cultura no
Estado do Rio Grande do Sul e sei que é um trabalho de prevenção no que diz
respeito à segurança, à violência. Contem com o nosso total apoio e admiração também.
Obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): O Ver.
Elizandro Sabino está com a palavra em Comunicações.
O SR. ELIZANDRO SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, em nome da Bancada do PTB – Vereadores Cassio Trogildo, Alceu
Brasinha e Paulo Brum –, também nos associamos à homenagem pelos 75 anos do
Sinpro/RS. É do conhecimento de todos que este é um dos mais antigos
sindicatos, referência no setor educacional no Brasil e também com uma política
com ênfase na área assistencial e nas lutas reivindicatórias.
Portanto,
queremos parabenizá-los, porque o Sindicato tem potencializado a sua atuação na
defesa dos professores. A sua rede estrutural está com duas sedes em Porto
Alegre, uma em Canoas, e outras 13 distribuídas pelo Estado do Rio Grande do
Sul, o que, de fato, dá uma assistência privilegiada, uma assistência direta
aos professores.
E,
por fim, quero dizer que a gestão é eleita de forma trienal, a classe diretiva,
com um planejamento estratégico de gestão que, realmente, é muito bem definido
através da missão, da visão e dos valores, e isso faz, indubitavelmente o
sucesso do trabalho de vocês.
Portanto,
em nome da Bancada do PTB, queremos parabenizá-los pelo planejamento e pela
execução do trabalho voltado para o ensino privado e para os professores.
Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): O Ver.
Clàudio Janta está com a palavra em Comunicações.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em nome da
Bancada do PDT, formada pelos Vereadores Delegado Cleiton, Dr. Thiago, Luiza
Neves, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Nereu D’Avila; vocês são um sindicato que
luta há muito tempo com os tubarões da Educação, esses tubarões que visam
somente aos lucros, e vocês sempre visam ao bem-estar dos alunos, ao futuro
deste país, que é a Educação, que é o que norteia o nosso Partido, e temos a
convicção de que pode salvar este País, salvar a juventude deste Brasil. Então,
nós queremos aqui deixar o nosso abraço, a solidariedade nossa ao Sinpro, a
toda a luta do Sinpro, que vem em defesa do direito dos trabalhadores. Vida
longa ao Sinpro e aos professores dessa entidade!
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sinceramente,
como integrante da Bancada do Democratas, sinto-me muito à vontade em
cumprimentá-los pelo 75º Aniversário da entidade homenageada e quero acentuar
que no material de divulgação que os senhores e as senhoras distribuíram, há
determinadas colocações que efetivamente me deixam muito comprometido com esta
homenagem que estamos aqui fazendo. Quando eu vejo que os valores que o Sinpro
se propõe a defender são a democracia, a transparência, a ética e a
solidariedade, a humanização na relação de trabalho, na construção coletiva da
cidadania, no respeito à vida e ao meio ambiente e na inovação e na
criatividade, eu diria que são compromissos assumidos por uma entidade madura,
responsável e bem dirigida com os quais a gente pode se solidarizar por
inteiro, porque são, efetivamente, propostas pedagógicas sobretudo
comprometidas com uma filosofia de trabalho que busca a inovação e a
criatividade mas sobretudo o respeito
à dignidade e sobretudo o compromisso com a educação de qualidade que
certamente os integrantes do Sindicato conseguem oferecer no seu cotidiano
junto aos seus empregadores das instituições privadas de ensino no Estado do
Rio Grande do Sul.
Como
Democratas, o meu cumprimento, a minha solidariedade e a minha esperança de que
o caminho continue na mesma trilha que foi até agora. Meus cumprimentos.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): O Ver.
Tarciso Flecha Negra está com a palavra em Comunicações.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Obrigado, Presidente Bernardino
Vendruscolo, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Em nome da nossa
Bancada, o PSD,
quero dar parabéns à luta de vocês e dizer que essa é, também, a minha luta.
Nos meus discursos, sempre falo em educação. Não importa que ela seja privada,
estadual ou municipal, o que importa é que as nossas crianças, os nossos jovens
e os nossos adolescentes tenham educação de primeira para que possamos ter
aquele país que a gente pensa, qual seja, um País de primeiro mundo, educado e
com menos violência. Parabéns pela iniciativa e pela luta de vocês.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra em Comunicações.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Ver. Bernardino, presidindo os
trabalhos, falo em nome do nosso Partido, o PMDB, e também em nome da Ver.ª
Lourdes Sprenger. Quero saudar a Cecília, o Cássio, a Glória e o Marcos
Fuhr, que saiu há pouco.
Então, quero dizer que é muito gratificante
contar essas histórias. Porque a luta sindical é rica. Embora hoje estejamos
vivendo um momento diferenciado na política brasileira, a ampliação de tantas
centrais fica meio difusa, mas os movimentos sindicais de cada classe conhecem
muito bem e sabem o que querem, e vocês nunca perderam o norte. Tenho
participado, a cada ano, quando se faz o lançamento da premiação. E quero me
congratular com isso, porque também há um outro lado que mostra a valorização
do seu Sindicato, daqueles que trabalham pela qualificação. E vocês sempre
buscaram, com muita sabedoria, a qualificação. Então, quero parabenizá-los e
dizer com muita alegria que este também é o meu Sindicato. Parabéns.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. João Derly está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOÃO
DERLY: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Quero saudar o Sinpro/RS pelos seus 75 anos de história
lutando pela educação, uma das formas que acho mais importantes para nossa
sociedade, para seu desenvolvimento. É importante investirmos em educação –
esporte e cultura estão agregados – para a formação do indivíduo. Colocamos a
Bancada do PCdoB – eu e a Ver.ª Jussara Cony, que infelizmente, por problemas
pessoais, não pode estar presente – à disposição para o que precisarem.
Parabéns pelo trabalho de vocês.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra
em Comunicações.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Quero parabenizá-los pelo trabalho que os senhores vêm
executando. Sabemos que não deve ser muito fácil dirigir um sindicato de
escolas privadas, o quanto deve ser difícil a relação, mas também somos
sabedores do belo trabalho que vocês executam. Em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, parabenizo todos vocês, todos os professores do ensino
particular, sabemos da importância dos professores para o Sindicato e coloco
nossa Bancada à disposição para ajudar no que for possível. Parabéns pelo
trabalho. Vida longa!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Convido a Ver.ª Sofia Cavedon para fazer
a entrega do Diploma alusivo à data ao representante do Sinpro, Sr. Cássio
Filipe Galvão Bessa.
(Procede-se à entrega do Diploma.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Sr. Cássio Filipe Galvão Bessa, representante do Sindicato dos
Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul, está com a palavra .
O SR. CÁSSIO FILIPE GALVÃO BESSA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero agradecer
essa homenagem nesta data importante. No dia 21, terça-feira passada, o
Sinpro/RS completou 75 anos de história. Ele foi fundado na época do Estado
Novo, e, vocês lembram, naquela época, Getúlio Vargas incentivou a criação de
vários sindicatos. Ao longo dessa trajetória, o Sindicato se consolidou como um
Sindicato Estadual, o Sinpro/RS, por isso que representa, hoje, mais de 30 mil
professores e mais de 1.700 instituições de ensino privado do Estado, atendendo
a mais de 600 mil estudantes da rede privada no Rio Grande do Sul. Somos um
Sindicato filiado à Central Única dos Trabalhadores, à Contee, que é a nossa
Confederação Nacional de Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino, à
FeteeSul, e temos uma direção colegiada. Não temos mais o presidencialismo
desde 1994. E estamos divididos, espalhados por todo o Estado com 13 regionais,
com a nossa sede na Av. João Pessoa, com uma sede no Lindoia, na Zona Norte, e
em Canoas também. Temos na nossa luta a luta por uma educação de qualidade.
Somos defensores do ensino público e gratuito de boa qualidade. Importante essa
referência sempre. E, conforme a Ver.ª Sofia falou, nas conferências de
educação, reafirmamos esse compromisso. Mas a educação privada é uma opção da
sociedade também e entendemos a importância de que essa educação seja
regulamentada, mas, infelizmente, ela não é regulamentada. E muitas vezes a
educação é tratada, neste País, principalmente a educação privada, como uma
mercadoria. E nós defendemos que a educação não seja mercadoria. Portanto,
temos inclusive questionado a forma das concessões, das transações, como a que
houve recentemente, da transação entre a Anhanguera e a Króton, de milhões de
reais. Estão tentando fazer essa fusão que vai estabelecer um monopólio,
inclusive na educação superior neste País, com mais de um milhão de alunos,
transformando-se na maior instituição de ensino privado mundial, que vai
abarcar 70% do EAD no País.
Então,
questionamos essa questão, e estamos, inclusive, em nível nacional, fazendo
esse questionamento. Essas lutas todas pela regulamentação do ensino privado
são importantes: a luta nossa, da categoria, a luta corporativa, que já foi
falada, mas também a contribuição. Eu quero ressaltar a contribuição da nossa
entidade, o Sinpro/RS, para esta Cidade, para este Estado, nos serviços que
estabelecemos: a questão da cidadania para além dos muros da escola, das
universidades; a instituição do sindicato cidadão; a preocupação com a cultura,
através da nossa Fundação Ecarta; do nosso Jornal Extra Classe, que é um jornal
plural, que acaba trazendo uma série de discussões; a Casa do Professor, que
acolhe os professores do Interior; a própria questão do núcleo de apoio contra
a violência, na qual o Sinpro acolhe os professores que estão sofrendo muita
violência,
a questão também das nossas campanhas, como a campanha por uma melhor qualidade
de vida do Professor. Porque não é fácil a vida do Professor em escola
particular. Hoje em dia, todo mundo pensa: “Ah! Mas escola particular paga mais
do que o Estado.” Mas a condição de trabalho é pior do que a dos professores
públicos, tanto é que temos perdido muitos colegas para as redes municipais e
federais de Educação, e a gente sabe que, pela Lei do Piso, um Professor
público tem atendida a sua tarefa de correção, preparação e estudos para
preparar a sua aula. Nós, do ensino privado, não temos esse trabalho
extraclasse remunerado. A gente só ganha por estar em sala de aula. Essa é uma
luta que a gente trava, uma luta inglória, porque os professores têm cada vez
trabalhado mais, têm inclusive sofrido doenças profissionais em decorrência do
acúmulo de trabalho. Também a questão importante aqui para esta Casa é a
questão da limitação do aluno em sala de aula, que é um tema que, inclusive, a
Câmara de Vereadores de Porto Alegre pode regulamentar com a questão dos
espaços físicos, porque, hoje, na sala de aula não tem limitação, não existe
norma. O Conselho Estadual normatiza certo limite por metro quadrado, mas
existe Legislação em outras Prefeituras que estabelecem, inclusive, uma
condição melhor, porque hoje tem professores com 50, 60 alunos em sala de aula,
e, na Educação Superior, inclusive, com 100, 120 alunos em sala de aula.
Então, o ensino privado é uma opção da
sociedade, mas precisa ser vista como uma concessão e tem que ser
regulamentada. Então, essas lutas todas, a luta pela categoria, por um ensino
de qualidade, a luta por melhores condições de trabalho são uma luta do
Sindicato que vai além dessa luta, também é uma luta pela cidadania de todo o
povo rio-grandense e porto-alegrense.
Obrigado mais uma vez, agradeço por este espaço.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Nós é que agradecemos, e damos por
encerrado este momento de homenagem ao Sinpro. Muito obrigado.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Presidente, eu só quero fazer um registro para que
impossibilite qualquer mal-entendido. Eu não sou contra ambientalistas nem
ecologistas, muito pelo contrário; tenho no meu Partido o Beto Moesch, que é
uma referência na área. O que eu deixei bem registrado, nesta tribuna, é que o
Executivo tem que fazer cumprir uma ordem judicial, e chamei de desordeiras as
pessoas que não estão aceitando essa ordem judicial.
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Vereadora, nós também lamentamos
profundamente a ausência de Beto Moesch nesta Casa.
A SRA. SOFIA
CAVEDON (Requerimento): Ver. Bernardino, em um acordo com o Ver.
Tarciso, em função de que agora queremos privilegiar o tema específico sobre o
racismo, nós gostaríamos de fazer um Requerimento, solicitando a transferência
do Grande Expediente de hoje para segunda-feira, considerando o adiantado da
hora e o tempo para este tema de tamanha importância que vem a seguir. Gostaria
que V. Exa. pudesse acolher.
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Em votação o Requerimento, de autoria da
Ver.ª Sofia Cavedon, que solicita a transferência do Grande Expediente de hoje
para segunda-feira. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como
se encontram. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr.
Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores,
uso este tempo cedido pelo Líder do Governo, Ver. Reginaldo Pujol, para falar
sobre dois temas. Primeiro, hoje pela manhã, foi instalada a CPI das
telecomunicações, em que temos como Vice-Presidente o Ver. Elizandro Sabino, e,
como Relator o Ver. Engº Comassetto. Já convidamos – vai ser a primeira pessoa a
vir depor – o Presidente Nacional da Anatel para nos esclarecer sobre o sistema
de comunicações aqui da nossa Cidade.
Segundo, na verdade, uso mesmo este Tempo de
Liderança para falar sobre uma notícia que tivemos hoje, durante o almoço,
sobre o tão sonhado Centro de Eventos de Porto Alegre, Ver. Tarciso, que está
indo se instalar na cidade de Esteio, para tristeza do nosso Estado, da nossa
Cidade, da nossa Câmara de Vereadores, que muito vem debatendo a questão do
Centro de Eventos. Foi solicitado um estudo ao Sindpoa, que custou às
entidades, às empresas de bares, hotéis e restaurantes de Porto Alegre em torno
de R$ 50 mil. Fizeram um estudo de viabilização do Projeto, que foi entregue à
Secretaria Estadual de Turismo. E a Prefeitura de Porto Alegre, junto com esta
Casa, ofereceu várias áreas e oportunidades para esse Centro de Eventos se
instalar em Porto Alegre. Para nossa surpresa, Ver. João Derly, foi indicada a
cidade de Esteio para o Centro de Eventos. Isso quer dizer que os eventos, no
Rio Grande do Sul, terão que ser de dois dias, Ver. Mauro Pinheiro. Para um
evento de quinta-feira, as pessoas chegarão a Porto Alegre na quarta, para
depois ir a um evento em Esteio, porque a gente que mora aqui sabe a
dificuldade que nós temos de nos locomover na BR-116. Nós queríamos que um
centro de eventos do Rio Grande do Sul fosse na Capital de todos os gaúchos. Já
disponibilizamos várias áreas para que esse centro de eventos acontecesse, pois
aqui está a maior concentração de hotéis, aqui está a maior concentração de
restaurantes, aqui está o aeroporto do nosso Estado, aqui está o coração do Rio
Grande do Sul, aqui estão os grandes negócios do Rio Grande do Sul. Não tem por
que, não há a necessidade de nós disponibilizarmos, no PAC, R$ 50 milhões para
um centro de eventos em Esteio. Eu acho que é imprescindível que esta Câmara de
Vereadores, que todas as Bancadas nesta Casa se mobilizem, que sensibilizem o
Governo do Estado da necessidade de esse Centro de Eventos vir para Porto
Alegre. É imprescindível que Porto Alegre tenha um centro de eventos, é
imprescindível que a Capital de todos os gaúchos, que tem várias áreas
disponíveis, que tem várias áreas oferecidas ao Governo do Estado, tenha esse
Centro de Eventos. Esse Centro de Eventos precisa ser em Porto Alegre. Porto
Alegre necessita desse Centro de Eventos. Nós não podemos ficar reféns dos
centros de eventos particulares que existem em Porto Alegre. Vários eventos
deixam de ser realizados em Porto Alegre por falta de espaço, por falta de
local, e nós não podemos deixar esses eventos saírem da nossa Cidade, já que
esta Câmara de Vereadores apontou para isso.
Então, que o Estado ouça todo mundo, que o
Estado ouça todo o Rio Grande do Sul; agora, não encaminhe com o dinheiro de
Porto Alegre para que o Centro de Eventos saia em Esteio, mas que o Centro de
Eventos saia onde é feita a Expointer, local que já é beneficiado com a grande
feira agropecuária. Agora, nós voltamos a afirmar: queremos, precisamos e
exigimos um centro de eventos em Porto Alegre, um centro de eventos público,
para que a cidade de Porto Alegre não fique refém do que hoje já existe em
Porto alegre – centros de eventos particulares, centros de eventos privados.
Assim como nós também queremos que se concretize o Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo,
o parque temático da cultura e folclore gaúcho; assim como o Projeto do Ver.
Tarciso Flecha Negra, um museu da historia e da cultura do povo negro. A cidade
de Porto Alegre precisa disso para trazer, mais ainda, o desenvolvimento – uma
Cidade que vive do comércio, de serviços e, cada vez mais, do turismo. Então,
este é o apelo que nós fazemos para que todas as Bancadas se unam, a Câmara de
Porto Alegre se uma com o Poder Executivo para que o Centro de Eventos venha
para a cidade de Porto Alegre. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Elizandro Sabino está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELIZANDRO
SABINO: Sr.
Presidente, Ver. Bernardino, na presidência dos trabalhos; em primeiro lugar,
quero agradecer ao nosso Líder, Cassio Trogildo, aos Vereadores Alceu Brasinha
e Paulo Brum, que nos concedem o Tempo de Liderança pelo PTB. Minha reflexão no
dia de hoje é no sentido de que no dia 25 de maio, sábado agora, é comemorado o
Dia da Adoção. E, no dia de hoje, protocolei um projeto instituindo a semana
que antecede o dia 25 de maio como Semana Municipal de Incentivo à Adoção de
Crianças e Adolescentes no Município de Porto Alegre, no Calendário de Datas Comemorativas
e de Conscientização do Município de Porto Alegre. Portanto, essa iniciativa se
justifica, porque, há cinco anos, o CNJ – Conselho Nacional de Justiça –
instituiu, Ver. Pujol, o Cadastro Nacional de Adoção. E esse cadastro altera a
Lei Federal nº 8.069 – o Estatuto da Criança e do Adolescente –, disciplinando
regras legais, inclusive através de seus artigos 39 ao 52, alínea d, trazendo e estabelecendo normas de
forma muito pormenorizadas com relação aos critérios para adoção.
Meus prezados Pares, nobres colegas, são alguns
empecilhos que são colocados para a adoção, entre os quais o preceito da cor,
da idade. Já falamos aqui hoje sobre o combate ao racismo, e para que os
senhores tenham uma ideia, em 2010, um pequeno percentual de 31% dos
pretendentes à adoção não se importavam com a cor da pele. Hoje, apenas 40% não
se importam, ou seja, 60% se importam, têm preocupação com a cor da pele. Isso
está consignado lá no formulário de adoção, segundo os dados do Conselho
Nacional de Justiça. A idade é outro empecilho. Nove em dez pessoas querem
crianças de até cinco anos de idade. Ou seja, o correspondente a menos de 10%
das pessoas cadastradas querem crianças com idades maiores. Portanto, 90% têm
interesse em crianças de zero a cinco anos. Assim, se impõe a conscientização,
no debate da adoção, estimular, despertar, sensibilizar a sociedade de um modo
geral.
Registro a presença do meu irmão, que não é
adotivo, David Sabino, que me prestigia nesta tarde.
Mas temos que estimular a sociedade de um modo
geral sobre a importância da adoção.
Portanto, este tema é extremamente relevante. A
nossa alegria no dia de hoje, nós que estamos à frente desse tema tão
importante, que é a Frente Parlamentar dos Direitos das Crianças e dos
Adolescentes, nesta Cidade, e no dia de hoje protocolando um projeto que
institui, no Calendário Oficial de Porto Alegre, a semana que antecede o dia 25
como a Semana de Adoção, para o debate específico na nossa cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente. É com muita alegria que trago essa boa
notícia para nossa Cidade, em nome do nosso Partido Trabalhista Brasileiro.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO
PUJOL:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, com muito prazer, ensejei
que o Ver. Clàudio Janta falasse no período do Governo, colocando, com muita
propriedade, o temor que a Cidade, especialmente as suas lideranças, está
tomada de que essa notícia, não inteiramente confirmada, de que o Governo
Estadual optou por levar o Centro de Eventos Estadual para o Município de
Esteio venha a se confirmar em definitivo. “Cautela e canja de galinha não
fazem mal a ninguém”. Fez bem o Ver. Janta em ter feito o seu pronunciamento.
Pessoalmente, Sr. Presidente, e falando no
período do Democratas – não na voz do Governo, nem na do Vice-Líder do Governo,
é opinião do Vereador do Democratas –, vi anunciado no dia de hoje pela
Presidente da República, que não é do meu Partido e não é apoiada pelo meu
Partido, uma decisão que está se confirmando e que tem o meu mais absoluto
aplauso: anunciou a Presidente Dilma Rousseff que está encaminhando ao
Congresso Nacional uma Medida Provisória isentando o transporte coletivo de
passageiros em todo o Território brasileiro das contribuições de Cofins e
outras contribuições a que estão obrigados os transportadores neste País e que
representam alguma coisa entre 3,5 e 4% do valor da tarifa.
É o reconhecimento do Governo Federal de que
alguns dos seus mais queridos parceiros, entre os quais o Prefeito de São
Paulo, terão grandes dificuldades para administrar o transporte coletivo
financiado da forma como hoje é financiado, isto é, financiado pelos
passageiros.
São Paulo, que até bem pouco tempo era apontado
como exemplo de tarifa que não mudava, R$ 3,00, já anuncia que no mês de junho
será obrigado a colocar a tarifa dos seus ônibus em R$ 3,40, transformando-se,
dessa forma, na maior tarifa deste País. E lá o Governo é do Partido dos
Trabalhadores. Evidentemente que a Presidente da República, sensível como é,
entendeu que estamos à beira de uma catástrofe. E essa catástrofe, de certa
forma, estamos vivendo aqui no Município de Porto Alegre, porque não há duvida
nenhuma de que hoje o que fenômeno da Carris – que não mais se sustenta com a
tarifa de R$ 2,85 – vai atingir as outras empresas e vai, ao final, contaminar
todo o sistema.
Então, eu estou trazendo, Ver. Janta, à tribuna,
de forma muito clara, que o Município de Porto Alegre também tem que participar
desse esforço, porque não é possível se falar em aumento tarifário ou em
redução do preço da tarifa e continuar onerando a tarifa com tributo pago – não
pelo empresário – pelo usuário. O usuário é que paga esse percentual de 5,5%,
aqui em Porto Alegre; está embutido na tarifa.
Então, penso que estamos vivendo uma situação
muito delicada, e, evidentemente, com a responsabilidade do exercício de um
mandato com transparência, com clareza, estou trazendo, com a minha
responsabilidade, este assunto à discussão...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede tempo para o término do
pronunciamento.)
O SR. REGINALDO
PUJOL: ...Vou
concluir, Sr. Presidente, dizendo que não estou criando nenhum fato novo,
nenhuma posição nova; no meu jornal de campanha eu já dizia que tínhamos de
rediscutir a forma de financiamento das tarifas públicas desta Cidade e deste
País. O momento se aproxima. É impossível continuarmos com a ideia do subsídio
cruzado pelo qual o pobre está financiando a passagem do menos pobre. Isso urge continuar, e esse primeiro passo
que está dando o Governo Federal tem que ser seguido em todo território
brasileiro. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. DELEGADO CLEITON: Sr. Presidente. Peço a sensibilidade dos
demais colegas para que possamos passar logo ao período temático de
Comunicações, pois as lideranças que nos visitam, como já disse a Presidente da
Entidade, têm algumas ações a serem feitas além de ficarem aqui à espera para
poder dialogar com esta Câmara.
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Esta
Presidência está sensibilizada com o seu encaminhamento, vejo que os demais
Vereadores também.
Passamos
ao período temático de
COMUNICAÇÕES
Hoje, este período é destinado a debater o
assunto Racismo, trazido pela Sra. Malu Viana, que representa a UBM – União
Brasileira de Mulheres.
Convidamos para compor a Mesa: a Sra. Ivanete Pereira, Coordenadora da CUFA –
Central Única das Favelas; a Sra. Neusa Vitória Marques, representante da
Associação das Mulheres Unidas Pela Esperança; o Sr. Dilmair Monte dos Santos,
representante do Conselho Municipal do Povo Negro; a Sra. Carla Rejane
Bandeira, Presidente do Bloco Ilê Mulher; o Sr. Clóvis André Silva,
representante da Sociedade Bambas da Orgia; a Sra. Flaviana Paiva, representante
do Conselho Municipal da Juventude; o Sr. Manoel Nascimento, Secretário de
Combate ao Racismo da CUT-RS; o Sr. Jeferson Pereira, representante da UAMPA, e
a Sra. Elis Regina Gomes de Vargas, Presidente da Unegro.
A Sra. Malu Viana, representando
a UBM – União Brasileira de Mulheres, está com a palavra, pelo tempo regimental
de 10 minutos.
A SRA. MALU
VIANA: Boa-tarde
a todos e todas, quero dizer que é importantíssimo este momento aqui na Casa.
Estou representando a UBM – União Brasileira de Mulheres, e a Frente Nacional
de Mulheres no Hip Hop, onde atuamos
diretamente com a luta de gênero, classe, raça, juventude, comunicação, enfim,
nós atuamos em todas as vertentes da luta social.
Quero resgatar um pouco da luta da juventude da
periferia, a juventude negra, das mulheres que atuam nesse setor, na cultura hip hop. O hip hop de hoje tem a cara tupiniquim do Brasil; é também o
brasileiro que representa os interesses da juventude do nosso País, pelo
Governo Federal, através do Prêmio Preto Ghóez, que ocupa a cadeira no Conselho
Nacional de Juventude, onde todos puderam manifestar as suas expressões e a sua
luta de classe. Nesse caso, resgato também um dos assuntos que acredito que
todos os Vereadores e Vereadoras devam estar a par, que é a luta do extermínio
e do genocídio da juventude da periferia. É para isso que hoje estou nesta
tribuna representando essas entidades, a União Brasileira de Mulheres e a
Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop,
pois verificamos que certos setores da sociedade não estão afinados com as
políticas públicas de juventude, pois trinta mil jovens negros são assassinados
por ano. São alarmantes os dados que o mapa da violência apresenta, e hoje nós
temos o Programa do Governo Federal que vem, através da Secretaria Nacional de
Juventude, do Programa Juventude Viva, fazer um contraponto a esses trinta mil
jovens que vêm sendo assassinados. Então, venho, com a luz dos nossos orixás, com
a paz de Deus, solicitar a todos os Vereadores e Vereadoras que estejam
afinados e totalmente compactuados para que a gente possa enfrentar essa
situação que é uma vergonha para a nossa nação: o extermínio de jovens.
Nós precisamos falar de jovens e vida, não de
jovens, assassinato e extermínio. Nesse caso, aproveitando também, nós hoje
temos, a partir de um encontro que realizamos no Fórum Social Temático de 2013,
o Fórum de Enfrentamento ao Extermínio, ao Genocídio da Juventude. Convidamos
toda a sociedade, todas as entidades, todas as organizações a estar presentes
nesse enfrentamento, porque no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul nós
verificamos o quanto há um silêncio nessa temática.
Nós precisamos realmente enfrentar essa
situação. Então, essas entidades que hoje eu estou representando aqui, clamam
para que as políticas públicas para a juventude – segunda-feira foi aprovado o
PL nº 076/2013, que cria o Conselho Estadual de Juventude – no nosso Estado, na
nossa Capital, transcendam. Então, a gente clama para que as pessoas, a
sociedade, os nossos governantes possam estar junto conosco na batalha desse
enfrentamento.
O que são os desafios desse Fórum que foi
criado? Hoje ele situa-se dentro da Susepe; temos a Secretaria de Justiça e
Segurança do Estado, mas temos a sociedade civil também, que está presente,
pode comparecer; enfim, todos estão sendo convocados para compor esse Conselho.
A nossa missão é reduzir os índices de assassinatos de jovens, especialmente
negros, articulando as organizações da sociedade civil, órgãos governamentais e
outras formas de organização.
Qual é a visão? Contribuir para uma mudança da
cultura da violência e da discriminação racial, para uma cultura de paz e
respeito à vida, através do fortalecimento e da ampliação de políticas públicas
voltadas à juventude. Nesse caso, nós temos vários desafios, tanto do Governo
quanto da sociedade civil: os altos índices de homicídios; a baixa mobilidade
social – juventude é pauta recente na sociedade –; cultura repressiva das
forças de segurança; legislação penal brasileira; a pulverização de iniciativas que busquem enfrentar a
violência contra a juventude; a cultura do mercado de trabalho aos jovens
destinados aos subempregos, nos quais exigem experiência, em dar uma
oportunidade a eles; a inversão de valores; o autoconsumo e a apologia da
droga; o racismo institucional; a Lei nº 10.639; a implementação dos Estatutos
da Juventude e da Igualdade Racial; a política de reinserção e de egressão do
sistema prisional; o sistema de proteção para jovens em risco de morte dentro
do sistema penitenciário. Então, quero parabenizar o Vereador pela iniciativa e
agradecer em nos dar a oportunidade de expor o que realmente está acontecendo
na base da nossa sociedade porto-alegrense, onde devemos lutar para que não
mais ocorram assassinatos e o genocídio da nossa juventude.
Aproveito,
então, para deixar com todos os Vereadores os nossos contatos, convidando-os a
se fazerem presentes e fortalecerem o nosso fórum estadual de enfrentamento e
luta – Seminário Oportunidades para a Juventude Negra –, para que os nossos
jovens vivam e não morram. Quero agradecer a oportunidade. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): Nós é que
agradecemos, Malu Viana. Solicito aos Vereadores Delegado Cleiton e Tarciso
Flecha Negra que, em forma de revezamento, passem a presidir os trabalhos.
(O
Ver. Delegado Cleiton assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Sra. Neusa Vitória Marques, Presidente
da Associação das Mulheres Unidas pela Esperança, esta com a palavra.
A SRA. NEUSA VITÓRIA MARQUES: Boa-tarde a todos e a todas. Eu estou
aqui representando as mulheres negras da minha comunidade, que se sente
discriminada pela sociedade. A comunidade do Morro da Polícia, onde eu resido,
parece que é invisível, porque lá nada acontece. Dizem que há lei, mas que leis
são essas? Que igualdade é essa que não chega lá na comunidade e que clama
pelos seus direitos? Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Convidamos o Sr. Dilmair Monte dos
Santos, representante do Conselho Municipal do Povo Negro, para se manifestar.
O SR. DILMAIR MONTE DOS SANTOS: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
a Deus por ter me dado esta oportunidade de estar aqui debatendo uma pauta tão
significativa para todos nós. Cumprimento o Ver. Delegado Cleiton, que está
presidindo os trabalhos agora, assim como as Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores
e agradeço também o Vereador da Bancada do meu Partido, o João Derly, pelo
nobre convite, e aqui estamos para contribuir com o debate.
Quando
se fala em debate de políticas públicas para a promoção da igualdade racial ou
até mesmo do enfrentamento ao racismo, lá já se vão longos anos, muitas lutas,
muitos sonhos e muito mais desencantos que a gente possa imaginar. Eu estava
posicionado ali à Mesa e ouvi quando a minha grande amiga, Sofia Cavedon, disse
que agora seria a tomada do poder do povo negro, porque o Vereador não negro
retirou... Na verdade, Vereadora, não é por esse poder simbólico que nós
lutamos. Nós lutamos por um poder de fato, de compartilhamento, no dia a dia,
nas lutas e na construção de políticas públicas. Na verdade, a partir da década
de 1980, lá no final do Governo do Dr. Alceu Collares, a gente já debatia e já
discutia na Cidade o verdadeiro interesse que a comunidade negra tinha em estar
constituindo políticas de reparação e também políticas de igualdade racial na
nossa Cidade.
E
naquele período, com a articulação do então Vereador do PDT nesta Casa, Wilton
Araújo, e do Adroaldo Correa, do Partido dos Trabalhadores, criou-se a Semana
da Consciência Negra, que este ano estará realizando a sua 18ª edição, me
parece.
Também
naquele período, no final da década de 1980, já se discutia a criação de um
equipamento público que pudesse valorizar e dar visibilidade à contribuição do
povo negro na nossa sociedade. Então lá se pensava, Ver. Tarciso, naquele
período, final da década de 1980, na constituição do Centro de Referência da
Cultura Negra, do Museu do Negro; não se tinha bem ideia do nome, mas já se
pensava a constituição de um equipamento com essa natureza.
A
partir de 1992, já no Governo da Frente Popular, eu recebi do Movimento Social
Negro e também do Prefeito Municipal da época, Tarso Genro, a incumbência e a
responsabilidade de coordenar a assessoria de políticas públicas para o povo
negro.
A
partir daí, uma série de debates, uma série de discussões, agendas, eventos,
ações aconteceram na nossa Cidade. Várias ações foram oportunizadas, entre elas
a constituição da Festa da Oxum, que depois se constituiu em Lei por esta
Câmara, a partir da iniciativa do saudoso Ver. Dilamar Machado; e também já se
pensava a transformação da assessoria numa coordenadoria, coisa que não
aconteceu até os dias de hoje.
Naquele
período, também se constituiu e se deu o nome ao Largo que se encontrava em
frente à antiga Epatur e que, na verdade, era um terreno baldio do Poder
Público; a partir de uma articulação da Unegro, juntamente com o então Ver.
Raul Carrion, se deu a denominação àquele espaço público de Largo Zumbi dos
Palmares, para que a gente pudesse ter uma referência, até aquele momento,
simbólica, da presença negra na Cidade Baixa, um reduto tão conhecido, para
onde, bem próximo, no Largo dos Açorianos, as lavadeiras, na sua grande maioria
afro-brasileiras, iam todo dia à tarde, para lavar a roupa dos seus patrões,
dos seus senhores da nossa cidade de Porto Alegre.
A
partir da criação do Largo Zumbi dos Palmares, também se iniciou uma discussão
em busca de um lugar adequado para a realização do carnaval de Porto Alegre,
visto que enfrentávamos uma oposição muito forte das comunidades mais do
entorno do Centro da Cidade com a manutenção dos desfiles de carnaval aqui na
região da Cidade Baixa, aquela região mais próxima ao Colégio Parobé, na Av.
Augusto de Carvalho. Foi muito difícil, uma disputa muito grande se travou na
Cidade. Iríamos, primeiramente, para próximo do Beira-Rio, no bairro Menino
Deus, mas enfrentamos uma resistência muito forte daquela comunidade; o
preconceito, até então amortecido, aflorou. Depois, houve outra proposta, a do
Jardim Humaitá, no Parque Humaitá, na Zona Norte de Porto Alegre, e novamente
enfrentamos o preconceito, o racismo, que muitas vezes se dá de forma
disfarçada, camuflada na nossa Cidade.
Um
avanço tivemos neste período com a constituição do Quilombo dos Silva, numa
região nobre de Porto Alegre.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O SR. DILMAIR MONTE DOS SANTOS: Bem lembra o Ver. Comassetto,
constituiu-se como o primeiro quilombo urbano do Brasil, o Quilombo dos Silva,
que, infelizmente, até hoje enfrenta grandes resistências e grande oposição,
principalmente da especulação imobiliária, porque aquela região é uma região
nobre, são terrenos de grande valia, e, de fato, o racismo faz com que as
pessoas ainda pensem que a negrada tem que estar cada vez mais distante do
centro da Cidade, cada vez mais para a periferia.
A
partir de 2009, cria-se o Gabinete do Povo Negro. A intenção foi boa no
primeiro momento, deu-se um caráter mais propositivo a este Gabinete,
constituiu-se uma equipe técnica, uma estrutura mais adequada, mas,
infelizmente – e aqui temos o nosso amigo, camarada Clóvis, que foi o
Coordenador deste Gabinete –, diante da burocracia do Estado brasileiro, dos
preconceitos enraizados, de uma série de outras questões, da falta de priorização
da igualdade racial, este Gabinete, mesmo com uma boa estrutura, com uma equipe
técnica formada, teve suas políticas emperradas, não indo para a praticidade;
as políticas e as ações ficam apenas nos papéis.
A partir do Gabinete do Povo Negro, criou-se o
Conselho do Povo Negro, o qual, hoje, eu represento aqui, e também elaborou-se
a proposta da criação do Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial –
Plamupir, no qual o Município iria indicar metas para superar as desigualdades
raciais existentes em Porto Alegre por meio de ações afirmativas. Aprovado pelo
Decreto nº 17.789/12, o Plamupir tem como base as propostas apresentadas na
primeira e na segunda Conferência Municipal da Igualdade Racial.
Infelizmente, todas essas ações acabam ficando
no papel.
Compete ao Comitê de Articulação e Monitoramento
do Plamupir propor ações, metas e prioridades, estabelecer metodologia de
monitoramento, acompanhar e avaliar as atividades e a implementação do Plano
Municipal da Igualdade Racial. Infelizmente, caros Vereadores, agora, neste
momento em que estou aqui ocupando a tribuna, eu vejo que poucos estão atentos
e até outros debates paralelos se realizam neste momento. Isso demonstra o
pouco interesse que o Parlamento, que o Estado tem pela questão da discussão
racial; não tem esse interesse!
Então, eu reforço, Ver.ª Sofia, que o poder que
nós queremos não deve ser apenas simbólico, ele tem de ser de fato. Se formos
analisar os gabinetes desta Casa, vamos ver que a constituição, que as cotas e
a participação dos ativistas negros não existe, é invisível, nem mesmo dos dois
Vereadores, cidadãos afrobrasileiros que temos representando a Casa! E isto é
grave! Como nós vamos fazer a transformação social? Como nós vamos promover a
igualdade racial e fazer o enfrentamento ao racismo, se nem mesmo nas
instâncias públicas não existe essa compreensão, esse entendimento? Ora, o
resto, tudo é retórica! Então, na verdade, de quatro em quatro anos, volta o
tema, voltam as eleições, este tema volta a ser debatido. Passadas as eleições,
os eleitos ocupam os seus cargos, e o tema vai para a vala comum, novamente.
Então, na verdade, enquanto ativista do
Movimento Negro, enquanto participante do Conselho Municipal do Povo Negro,
onde tenho assento através da minha entidade, a Unegro, eu quero dizer que, de
legislação, existe um acúmulo muito grande e valiosíssimo nesta Cidade. Agora vejo isto Ver. Comassetto. Na época em
que atuei na assessoria do Ver. Comassetto, ele trouxe vários debates para esta
Câmara de Vereadores, e tenho certeza de que ele encaminhou várias sugestões a
esta Casa. Mas as coisas ficam nos papéis, arquivadas, guardadas.
Concluo,
fazendo uso de uma frase da minha amiga Ver.ª Sofia, quando foi Presidente
desta Casa, e acho que ela é valiosa e adequada para este momento: nós do
Movimento Negro, nós do Movimento Social Negro, nós da comunidade negra, nós
não queremos mais leis! Leis temos aos montes por aí, existe legislação aos
montes; nós queremos é que, de fato, as leis sejam transformadas em direitos. É
isso o que nós queremos!
O
Ver. Paulinho Motorista não está aqui no momento, mas, na sua fala, ele disse
que todos nós temos capacidade. Claro que sim! Homens e mulheres, das mais
diversas raças, todos nós temos capacidade. Mas não é isso o que se discute.
Nós queremos é oportunidades! Oportunidades de direitos! Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Dr. Dilmair.
Complementando
a sua fala, quero falar do afastamento da área central dos nossos clubes, como
o Nós, os Democratas; o Floresta Aurora e Satélite Prontidão. Eu gostaria
também de convidá-lo a comparecer no meu gabinete, quando o senhor poderá
verificar o número de negros, inclusive a nossa equipe jurídica está presente
hoje, trabalhando para a comunidade: o Luiz Fernando Santos e a colega Rosane,
que são negros.
A
Sra. Ivanete Pereira, Coordenadora da Cufa, está com a palavra.
A SRA. IVANETE PEREIRA: Boa-tarde a todos. Eu gostaria de
agradecer aos Srs. Vereadores, gostaria de agradecer à Unegro, porque, mais uma
vez, estou sendo convidada a participar deste espaço. Muito obrigada.
Hoje,
eu fui convidada pela Unegro para apresentar aqui para vocês um encontro sobre
o racismo. Eu não vou falar de uma coisa que eu vivi, mas de uma coisa que o
meu filho viveu, na África. E, neste momento, eu faço um convite ao meu outro
querido filho, Paulo Daniel Santos, para que faça a leitura aos senhores, da
narrativa do seu irmão no Estado africano.
O SR. PAULO DANIEL SANTOS: (Lê.) “Na África do Sul, fui jantar, e um homem
branco gigante me acompanhou com os olhos. Normal, eu estava no Greenside, uma
das regiões brancas de Johannesburg. Ao sair do restaurante, ele mandou eu me
afastar do seu carro. Eu achei estranho, mas saí. Ele gritou que, se eu não
obedecesse, conheceria a sua arma de perto. Fiquei estático. Em um país
desconhecido, às 22h, um homem me insulta. A esposa dele foi acalmá-lo, e ele
disse que esses negros estão levando tudo e ainda querem comer no mesmo lugar.
Quando ele empurrou o braço da mulher, vi que era um racista de verdade. Um
outro casal de pele clara, da mesa ao lado, saiu do restaurante ao ver aquilo.
Eu voltei para a minha mesa e vi que ele me buscava com os olhos em meio ao
restaurante. Depois, saiu sem terminar a sua refeição. Pela primeira vez vi que,
por conta da cor da pele, alguém atiraria em mim. No Brasil, muitos jovens
morrem na mão da polícia por serem negros. Já tive armas apontadas para a minha
cabeça por isso. Mas não é abertamente por sermos negros. Existe uma máscara
social que nos marginaliza antes da morte. Na África do Sul, existem pessoas
que passam com o carro por cima de outras somente pela cor da pele. Mas não
podemos nos enganar. Existem negros que fazem a mesma coisa com os brancos por
lá. O racismo, apesar do fim do apartheid, é vivo no dia a dia das pessoas. O
racismo deles é muito forte, mas isso não minimiza o nosso problema. Pelo
contrário, dificulta, pois os nossos inimigos são ocultos. Precisamos defender
isso para qualificar a nossa luta pela igualdade.
Para
concluir a história vivida no continente africano: ao voltar ao lugar onde
estava hospedado, encontrei o rapaz que saiu da mesa na hora do conflito. Ele
me implorou desculpas pelo ato racista, pedindo que não julgasse seu continente
pela situação. Na realidade, somos admirados no continente africano por sermos
uma sociedade mestiça, sem conflitos. Mas sabemos ainda ter um longo caminho a
percorrer.”
A SRA. IVANETE PEREIRA: Obrigada, Paulo Daniel. Eu gostaria de
dizer aos senhores que, lá, é fácil, que a gente sabe de onde vem. Aqui, não,
aqui as pessoas dizem: “É coisa da cabeça de vocês”. Mas nós sabemos que não é
assim, nós sabemos que a coisa aqui está difícil.
Ao
passar por isso, o Manoel se mudou, foi para o gueto da África, onde foi tão
bem acolhido que até seu aniversário de 30 anos foi comemorado na África, uma
coisa de um Continente para o outro. Nós aqui de Porto Alegre estávamos
conectados com ele e cantamos parabéns. E foi uma festa linda!
Agora,
a reflexão que faço é a seguinte: o que queremos realmente? Nós queremos
começar um apartheid? Porque se não
dermos meia-volta, se completarmos a volta, vamos estar fazendo com eles o que
eles fizeram conosco.
Temos,
sim, uma referência; nosso grande e querido Mandela, que nos deixa uma forma de
fazer. O que queremos realmente?
Se
eu ficar aqui falando a noite inteira – as moças até perderam o interesse,
estão indo embora –, eu não vou convencer vocês ou aquelas pessoas que têm
aquele racismo velado.
Vou
pedir a vocês para acompanharem um vídeo comigo, agradecendo imensamente ao
negro, a vocês, por estarem neste espaço mais uma vez. Agradecendo aos colegas,
ao Paulo Daniel, à nossa querida Ver.ª Sofia Cavedon, vou deixar esse vídeo
para nossa reflexão. Que todos nós comecemos a empurrar esse tronco das
políticas públicas contra a desigualdade racial. Vamos refletir sobre isso,
pois cada um de nós deve se juntar a este grupo.
(Não
revisado pela oradora.)
(Procede-se
à apresentação do vídeo.)
O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Sra. Carla Rejane Bandeira, Presidente
do Bloco Ilê Mulher, está com a palavra.
A SRA. CARLA REJANE BANDEIRA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes). Estou aqui
representando a Associação Cultural Beneficente Ilê Mulher. É uma Organização
Não Governamental que iniciou a sua caminhada cultural como bloco carnavalesco
– muitos aqui conhecem –, numa das culturas negras do nosso povo brasileiro,
que é o carnaval. O ILê Mulher vem hoje aqui, juntamente com todo o Movimento
Negro, apoiar uma discussão que permeia, de longa data, o Movimento Negro, que
é a questão da luta contra o racismo. O racismo ainda continua, e segue velado,
em nossa sociedade, por mais debates imensos que já foram realizados sobre uma
lei que deve ser implantada e que não tem sido, praticamente, ativo nas
escolas. E a gente precisa muito romper com esse silêncio. Eu não sei até quando
nós ainda vamos lutar, lutar e lutar para que esse silêncio, efetivamente, seja
rompido, e para que nós possamos nos enxergar como cidadãos de direito dentro
de uma sociedade não racista. Espero que um dia a gente ainda possa ver isso,
possa vivenciar isso, efetivamente, dentro da nossa cultura e dentro do nosso
País, que é o Brasil.
Agradeço a todos por estarem aqui, representando
a Associação Cultural Beneficente Ilê Mulher, no sentido de nos fazer presente
nesta Casa, que é a Casa do Povo, demonstrando, efetivamente, que nós temos
interesse pela cultura negra. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, companheira Carla. O Sr. Clóvis André
Silva, esse grande incentivador, um grande lutador pela causa do povo negro,
meu amigo pessoal, representando a Sociedade Bambas da Orgia, está com a
palavra.
O SR. CLÓVIS
ANDRÉ SILVA: Boa-tarde, Srs. Vereadores, em especial, ao Presidente desta
Sessão, meu amigo Ver. Delegado Cleiton, saúdo também aqui o encaminhamento que
foi feito pela Unegro, União de Negros pela igualdade racial, acolhido pelo
Ver. João Derly, que nos honra também com essa participação. Quero dizer,
sobretudo – eu vou ser bem pragmático aqui, Ver. Tarciso –, que a gente precisa
que, de fato, a Câmara trabalhe, sim, com uma legislação que atenda os
interesses, os direitos reais de promoção da igualdade racial. Porque nós temos
uma letra morta na Constituição, uma legislação ultrapassada que não condiz com
a nossa realidade. Nós precisamos ter uma legislação que dela se desdobre um
orçamento, Ver.ª Sofia, Ver. Comassetto, porque sem orçamento não se faz
política pública. Nós temos que sair da mera intenção e partir... Porque o
objetivo... Aqui, o Dilmair falava: “a Prefeitura teve problema, não conseguiu,
pela burocracia do Estado, efetivar políticas públicas”. Pois bem, esse não é
um problema particular da Prefeitura de Porto Alegre, ele diz respeito ao
Estado do Rio Grande do Sul e, mais do que isso, ao País. Nós, apesar dos
inúmeros avanços, continuamos convivendo com uma sociedade excludente e
racista. Porque, enquanto não tiver o orçamento real... Agora, a gente está às vésperas
do PPA, que vai dar conta do Orçamento dos próximos quatro anos. E onde está
orçamento para enfrentar isto? Primeiro, a gente precisa enfrentar, não
combater, nós temos que enfrentar essa coisa cruel que é o racismo, que está
entranhado na sociedade brasileira. E depois de enfrentar, obviamente, a gente
precisa se articular para desenhar e fomentar diretrizes de política pública,
e, em todas as áreas, não apenas na área da juventude ou na área dos
quilombolas.
Então, nós entendemos que a Câmara, sim, tem um
dever, tem um trabalho a cumprir nesta Legislatura, Ver. Clàudio Janta, que é
poder enxugar e ter uma legislação mais condizente com a nossa realidade. Fruto
disso, volto a frisar, o orçamento, se não é tudo, é carta de boas intenções.
Nós temos inúmeros organismos de Governo que não funcionam, porque não há
orçamento, não há infraestrutura, e vão continuar não tendo, se esta Câmara não
fizer uma reflexão... E aqui está o AMUÊ, o Ilê Mulher, a UAMPA, a própria
Unegro; inúmeras entidades querem contribuir com o debate, porque ele tem que
ser feito aqui para poder pautar e para a Câmara poder cumprir essa função em
relação ao Executivo, porque um só não faz a diferença, nós precisamos dos
Poderes articulados e, quem sabe, chamar também o terceiro Poder, que é o
Judiciário, para qualificar. Aí, sim, vamos estar falando que queremos mudar a
realidade do povo brasileiro.
Estamos à disposição. A entidade Bambas da
Orgia, atual campeã do carnaval, está com uma nova direção desde agosto, e está
dando conta do recado. E nós colocamos a nossa entidade, a partir de 25 de
julho, no debate da mulher afro-latina e caribenha, para que essa pauta faça
parte da nossa agenda, não apenas do espetáculo apoteótico do Porto Seco, mas
nós queremos fomentar a cultura. E aí, quando se fala em Cultura – está aqui o
meu colega do Conselho Municipal de Cultura –, a Prefeitura também tem que
rever os seus conceitos, não tratando o carnaval como mero evento de fevereiro,
tem que trabalhar o fomento. O maior investimento tem que ser no fomento,
porque a gente precisa investir e qualificar o ano todo, não apenas no final do
ano.
Com a companheira Ivanete aqui, da Bancada do
PT, nós tivemos grandes conquistas. A gente sabe que o Brasil está se
desenvolvendo, está andando, mas a gente precisa acelerar esse processo de
crescimento. Boa luta a todos e a todas.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Com os nossos 14.000 votos, representamos, sim,
a comunidade porto-alegrense e queremos representar – até porque fazemos parte
e também somos vítimas desse racismo –, sim, a comunidade negra. (Palmas.)
(O Ver. Tarciso Flecha Negra assume a
presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): Quero aqui cumprimentar todas as
lideranças e também reafirmar aquilo que os colegas Cleiton e Paulinho
Motorista falaram. Quero dizer a vocês, ao ouvir todas as falas aqui, que só se
constrói e se ganha alguma coisa na vida quando nos unimos. É o que estamos
procurando fazer, no momento, como Parlamentares aqui: nos unirmos para
conquistarmos algo – como bem falou o Clóvis, numa maravilha de fala –, porque
só se conquista se estivermos unidos. Não adianta somente A, B ou C; tem que
ser uma união de todos.
A Sra. Flaviana Paiva, representante do Conselho
Municipal da Juventude, está com a palavra.
A SRA. FLAVIANA
PAIVA: Boa-tarde,
Srs. Vereadores, componentes da Mesa, plateia, como sabemos, ainda são poucas
as políticas públicas para o combate ao racismo, e as políticas que existem têm
dificuldade de serem implementadas, como a Lei nº 10.639 – como muitas pessoas
já falaram –, e a Lei nº 11.645, que chegou logo após. E nem a Lei nº 10.639
foi implementada ainda. A implementação da história do povo negro nas escolas é
uma forma de combate ao racismo, ensinando às nossas crianças e adolescentes a
real história do povo negro, ensinando às nossas crianças como é bom ter
orgulho em ser negro e autoafirmarem-se, sem medo de sofrerem nenhum tipo de
preconceito. Agora, com essa questão de diminuir a maioridade penal, vão estar criminalizando,
podem ter certeza, em sua grande maioria, o jovem negro e o jovem negro homem.
Como todos sabem, o perfil mais perseguido, se tu entras em um shopping ou um supermercado, é jovem
negro. E isso não é só dentro do shopping;
se vocês andam pela rua, de noite, e passa um jovem negro, as pessoas já
começam a se espiar, achando que ele vai assaltar, roubar ou fazer alguma
coisa. Sabemos que essa falta de políticas públicas é imensa, e tomara que essa
atividade seja um pequeno passo aqui, no Município de Porto Alegre, para
começarem a implementar a nossa Lei, pelo menos a Lei nº 10.639, gente, que
está há anos para ser implementada, e não fazem isso.
Queria agradecer ao nosso Ver. João Derly, que,
mesmo não sendo negro, é negro de coração e abraçou a nossa causa da Unegro.
Agradeço a minha entidade, a Unegro, que está me dando formação, está me dando
vez e voz para poder falar. Muito obrigada a todos. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Tarciso Fecha Negra): O Sr. Jeferson Pereira, representante da
UAMPA, está com a palavra.
O SR. JEFERSON
PEREIRA:
Boa-tarde a todos. Agradeço a proposição da UAMPA, o acolhimento do Ver. João
Derly, a aprovação na Mesa da Casa e a todos os Vereadores presentes. Lamento o
baixo quórum, mas agradeço àqueles que estão presentes e deram valor à
discussão. Represento a UAMPA e queria fazer uma breve saudação e um breve
comentário, já que o tempo também é curto, mas é um debate central, já que
estamos no Parlamento, que é o espaço de discussão da sociedade, da
representação, é o espaço dos Partidos políticos, e digo que, nesse tema da
discussão étnica, em especial a questão da etnia dos negros e das negras no
País, nós temos grandes saltos a dar. Acho que recentemente conquistamos uma
democracia, a partir de 1988, com a redemocratização, que foi algo
significativo para o País. Entretanto, do ponto de vista da questão étnica, nós
ainda temos uma dívida com o País, nós temos que ser categóricos e partir do
pressuposto de que não vivemos em uma democracia étnica no Brasil. O que nós
temos, sim, é uma ditadura monocrática de algumas ditaduras eurocêntricas sobre
a ditadura dos afrodescendentes e dos negros que vivem hoje no Brasil. Os dados
se expressam através da violência da população negra, dos empregos e da renda
que esses negros hoje têm no País. Os estudos do IBGE apontam para uma
população de mais de 50% de negros e pardos no País; a tradução disso no
Congresso Nacional é de 8% de negros e pardos autodeclarados – de um total de
503, chegamos a 43 Deputados Federais. Então, a inversão da representação
política e do espaço do Poder dos negros no País ficam demonstrados no
Congresso Nacional. E por que eu cito o Congresso? Porque nós vivemos hoje um
debate central para o empoderamento dos negros no País, que é a questão da
Reforma Política. Vejam que nós temos o conjunto de Partidos progressistas
nesse tema que já defende as cotas nas universidades, nos concursos públicos e
em alguns espaços de Poder; mas, quando essa discussão, que é central na
questão do empoderamento dos negros e negras no País, que é a questão da
participação política para que os negros possam ter a tomada de decisão e não
sejam levados a decisões da comunidade sobremaneira dos brancos, nós temos
muitas dificuldades. E isso se dá fundamentalmente por causa da representação
política dos negros no Congresso e nos Parlamentos. Nesta Casa fica evidenciado
que temos poucos negros. Aqui me ocorrem dois, o Ver. Tarciso e o Ver. Cleiton,
representantes da etnia; e a Ver.ª Séfora, autodeclarada negra. Enfim, vemos
que essa dificuldade da representação política dos negros entrava os processos
políticos de avanço da democracia étnica e racial no País. Então, nós
precisamos migrar. Qual é o desafio que se faz aos Vereadores e aos Partidos
políticos? Que os Partidos políticos, Vereadores e seus correligionários
filiados façam essa defesa também do empoderamento dos negros dentro dos
Partidos políticos e dos espaços de Poder dos Parlamentos e dos Executivos.
Porque, ora, se os Partidos políticos já estão defendendo cotas nos concursos
públicos, nas universidades, por que hoje os Partidos não conseguem fazer a
defesa das cotas nos espaços de direção partidária e na disputa para os cargos
eletivos do Parlamento, do Executivo em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no
País? Porque temos que vencer esse debate, temos que ter a capacidade política.
Aquele Vereador que vem e faz a defesa das cotas em concurso público, nas
universidades tem que ter a capacidade de ir para dentro do seu Partido e fazer
a defesa de cotas étnicas dentro das direções partidárias e das instâncias de
mando, de Poder. Porque o que estamos discutindo, do ponto de vista dos negros,
é a disputa de Poder. Nós estamos alijados do poder político no País. Então, a
grande discussão que fazemos com a Casa é isso: nós precisamos dos Parlamentos,
dos filiados, dos Vereadores, para que façam essa disputa dentro dos seus
Partidos. E esse não é um debate dos negros, é um debate da sociedade
brasileira, dos negros, brancos, pardos e de todas as etnias que vivem aqui no
País.
Gostaria de agradecer o espaço e os Vereadores
que estão aqui. Eu contei quatro Bancadas num total de onze Bancadas. Obrigado
àqueles que ficaram.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): A Sra. Elis Regina está com a palavra.
A SRA. ELIS
REGINA GOMES DE VARGAS: Voltei. Srs. Vereadores, meus companheiros do
movimento social, quero dizer para vocês que eu saio desta Casa hoje com um
misto de tristeza e de alegria, porque não sou mulher de me derrotar. Quem me
conhece sabe isso. Eu saio alegre, porque eu vejo o movimento social com
companheiros de todos os Partidos, de todas as linhas, de todas as frentes,
juntos, em prol de um mesmo objetivo. Se forem ver, cada um tem o seu Partido,
a sua linha, um é socialista, outro é democrata, enfim, não interessa. O nosso
Partido aqui hoje é o Partido dos negros. Isso me deixa extremamente feliz,
porque só dessa forma nós vamos conseguir chegar lá, porque a gente vai
conseguir.
E saio triste, quando vejo que são trinta e
poucos Vereadores e nos sobram seis, cinco, quando nós trazemos uma coisa que
para nós é muito importante. Quando nós saímos da nossa casa; quando o Nêgo Dil
faltou o serviço para vir aqui; quando eu vim aqui, porque estou de atestado, e
saí do hospital para vir aqui – saí de lá às 13h e cheguei aqui às 14h –;
quando eu vejo a Vitória largar o morro e vir para cá, largar as crianças dela
e vir para cá; e a Flaviana, que conseguiu trocar o horário no serviço com uma
colega, eu vejo que eles realmente estão interessados em mudar. E é uma pena
que eu encontre – e aí é a minha tristeza – Vereadores que não estão
interessados como a gente. Que bom, podia ser a totalidade, mas não é.
Delegado Cleiton, a nossa luta é desigual. É
desigual. Desde o último Congresso da Unegro, quando a nossa discussão foi
“Negros e Negras Compartilhando Poder”, a Unegro chegou à conclusão de que as
coisas só vão mudar quando nós conseguirmos estar, de fato, nos Parlamentos,
fazendo as leis, porque, enquanto for isso e nós dependermos disso, não vamos
conseguir.
Então, quero deixar o meu abraço carinhoso ao
Delegado Cleiton, ao Tarciso, que são negros guerreiros e vitoriosos. Quero
agradecer aos Vereadores Comassetto, Sofia, Clàudio Janta e Bernardino, meu
chefe. Eu queria agradecer, do fundo do meu coração, e queria pedir a vocês,
que são poucos, mas que são fortes, que nos ajudem a implementar a Lei nº
10.639. A gente não quer nada de mais. Já é lei, a gente só quer que se cumpra.
Quero agradecer ao João Derly, esse guerreiro
vitorioso, esportista, por esse apoio, por nos ter aberto, e que a gente
consiga também, João, vencer mais essa batalha. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, primeiro, quero dizer que
existe um equívoco na condução dos trabalhos: não há uma interrupção do período
de Comunicações destinado aos nossos convidados; eu me inscrevo na liderança do
meu Partido para falar durante o período, e isso é regimental, não é que eu
queria falar antes dos colegas que estão inscritos para falar em Comunicações.
É uma questão regimental. E falo aqui, com muita tranquilidade, porque quero
aqui falar em nome dos cinco Vereadores do Partido dos Trabalhadores, quero
referir que temos construído uma política de inclusão; e da inclusão racial
neste País. E quero registrar que, para fazer política de inclusão, obviamente
que deve haver aqueles que representam a legitimidade, mas ela é feita por
todos nós, e neste País começou em 2003, com o Presidente Lula, quando criou a
SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial. A partir daí
desencadeou-se um conjunto de políticas que estão incidindo, hoje, em todo o
Brasil. E esse conjunto de políticas, nesse marco, iniciou em 2003, com a
criação da SEPPIR, que passou a articular as políticas públicas na área da
saúde da população negra, na área das comunidades quilombolas e que garantiu a
política de quotas neste País. É pouco? Sim, é pouco, mas é um avanço, e por
que foi garantida? Porque o Movimento Negro Nacional abraçou junto com o
Governo essas políticas, e criou o Decreto 4.887, ainda em 2003, garantindo que
o Governo Federal destine mais de 2 bilhões de reais para a regularização
fundiária neste País e, principalmente, a regularização dos territórios
quilombolas e o desenvolvimento da política de combate à pobreza. É bom
registrar aqui que isto é uma guerra, porque há milhares que não querem deixar
que isto aconteça, então este é o efeito da disputa. Além disso, o Senador
Paulo Paim apresentou o Estatuto da Igualdade Racial, lá no Senado Federal,
depois de 10 anos de tramitação no Congresso Nacional. Todas essas são lutas
que eu, com muito orgulho, pedi a Liderança para dizer que o meu Partido vem
fazendo essa política, não sozinho, junto com os aliados – o PDT, o PTB, o PMDB
–, construindo isso junto com os movimentos sociais. Aqui a Fundação Palmares
vem assumindo um papel de destaque nacionalmente, vem exigindo que os Estados e
os Municípios – e o Clóvis que foi Secretário da Igualdade Racial –, fruto
dessa política nacional. Temos conosco, coordenando a Bancada como assessora, a
Ivonete, que esteve na SEPPIR por 7 anos, ajudando a coordenar essas políticas.
Aqui na Câmara, quero registrar que nós tivemos alguns avanços e entendemos que
para fazer política de inclusão temos que ter consciência política, e faço isso
junto com meus colegas de Bancada – Sofia Cavedon, Mauro Pinheiro, Marcelo
Sgarbossa e Alberto Kopittke. Nós aprovamos, aqui nesta Casa, ainda em 2005,
incluindo no Plano Diretor, os quilombos urbanos como Área de Interesse
Cultural da cidade de Porto Alegre, que foi a primeira Cidade no Brasil a fazer
isso. Aprovamos e gravamos no território de Porto Alegre o primeiro quilombo
urbano do Brasil, que é o Quilombo da Família Silva, e todos sabem que neste
momento tem uma luta, uma disputa, pois querem colocar uma rua no meio do
quilombo, rachando o quilombo, prezado Cleiton e prezado Tarciso. Esta é uma
luta e nós temos que exigir do Poder Público Municipal que isto não aconteça.
Assim como o dia 21 de janeiro que está registrado como Dia Municipal da Luta
Contra a Intolerância Religiosa. Concluo, dizendo que também tive o prazer de
oferecer a esta Casa, e foi aprovada, a criação do monumento ao Oliveira
Silveira nesta Cidade, o que ainda não foi feito. O Dilmair nos ajudou a fazer
isso, os 36 Vereadores aprovaram, e quero devolver isso ao Movimento Negro
Unificado Brasileiro para assumir essa bandeira e fazermos um...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede tempo para o término do
pronunciamento.)
O SR. ENGº COMASSETTO: ...No antigo
Largo da Epatur, ou seja, Largo Zumbi dos Palmares, para ser ali um território
da cultura, um monumento de Porto Alegre da cultura negra.
Quero aqui, com muito carinho, dizer que estava
no Sindpoa, fazendo um arranjo para que aquela nossa política pudesse se
efetivar; inclusive, vão repetir um café, às 8 horas, com o Governo do Estado,
para garantir o Centro de Eventos em Porto Alegre. Peço desculpas no sentido
ter usado a Liderança neste momento, mas é uma questão regimental.
Quero aqui cumprimentar todos, cumprimentando a
Malu e o Dilmair, cumprimento toda a Mesa e toda a luta que não acaba agora.
Vocês têm que ir em frente, contem conosco como aliados. Grande abraço. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra no período temático de Comunicações.
(Pausa.) Ausente.
O
Ver. Clàudio Janta está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr.
Presidente dos trabalhos, Tarciso Flecha Negra; nossas lideranças que compõem a
Mesa; hoje é um momento muito importante para esta Casa. Com relação ao que
falou a Elis Regina, é uma briga que tenho travado com relação ao quórum e com
relação ao que esta Casa trabalha. Trabalhei minha vida inteira, bati ponto,
mas tenho brigado muito para que esta Casa funcione no seu horário regimental.
É bom que vocês estejam aqui hoje e vejam esse quórum maravilhoso, a Sessão
segue porque nenhum de nós pediu verificação de quórum. Se nós pedíssemos, encerraria a Sessão. Ainda
bem que ninguém fez isso em respeito a vocês. Mas é a realidade do nosso
Parlamento!
Quero
dizer que todas as reivindicações que vocês trazem aqui são reivindicações que
eu, como sindicalista, como operário, como morador de vila em Porto Alegre,
vivo no meu dia a dia. Enfrentei uma grande empresa em Porto Alegre, que não
empregava negros, que era a Companhia Zaffari de supermercados. Graças a minha
atuação como sindicalista, hoje a gente vê negros não no depósito, mas na
frente dos caixas, negros trabalhando em cargos melhores. Numa outra grande
rede de supermercados, a Walmart, dei um curso para mais de mil trabalhadores,
porque essa empresa praticava discriminação racial. Esse é um problema que nós
vemos em tudo. Nós temos uma discriminação de salário com mulheres, mas temos
essa discriminação muito maior com os negros! Eu vejo essa discriminação com
pessoas que trabalham comigo, no meu gabinete. O meu advogado é um negro,
professor, economista e, quando está comigo, as pessoas chegam a pedir o carro
para ele. Acham que ele é o empregado, na realidade ele é “o cara” – eu é que
preciso dele. Sem ele, me falta uma perna. O meu economista também é um negro,
professor também; a minha fotógrafa está aqui, é uma negra. O meu gabinete tem
cinco negros. Competentíssimos, são meus alicerces. Advogados, todos
professores economistas, bachareis, todos com grande capacidade.
Na
Central que eu presido, também nos cargos técnicos, a grande maioria é negra.
Eu estava dizendo para o Delegado Cleiton que há três coisas em que eu me sinto
muito à vontade em discutir em qualquer lugar: participação de negros, GLS e
mulheres. Isso para mim é uma coisa tão normal na minha vida, porque a minha
vida foi construída assim. Na minha casa sempre se respeitaram as diferenças
entre as pessoas. Era uma família de operários e sempre se respeitou o espaço
das mulheres, porque a minha mãe saía para trabalhar junto com o meu pai,
sempre se respeitaram as opções sexuais. O meu padrinho de casamento, como
disse ao Ver. Delegado Cleiton, é um homossexual; eu emprego homossexuais,
tenho diretores homossexuais. Em minha vida inteira convivi muito bem com
gêneros e prego isso nas direções, no convívio do dia a dia. Agora, o que nós
temos é que nos libertar das correntes, o que nós temos é que garantir direitos
iguais, concretos. E exemplos a gente tem. O Delegado Cleiton, quantas vezes
sofreu discriminação por ser negro? O Tarciso é um desportista conhecido, mas
se não fosse, quantas vezes o senhor seria discriminado por ser negro? Então,
essa é a discriminação que o gordo, o negro, a mulher e o homossexual sofrem.
Nós temos que romper essas correntes, e é com política, é com espaço, é com
muita indignação – muita indignação! É a mesma indignação que eu tenho aqui,
quando estou aqui às 14h... Hoje fiz os Vereadores correrem: “Bah, o gordo está
indo embora!” Porque terminou o almoço e eu saí correndo. Eu tenho que estar
aqui, porque, se eu não bater ponto na empresa, eu perco o dia, Ver. Tarciso.
Eu tenho que estar aqui às 14h, é meu compromisso, tenho que estar aqui às 14h.
Se temos que ficar aqui até às 18h, até terminar aquela folha que nos dão,
temos que ficar até às 18h! Essas coisas nós temos que fazer.
E
sobre essa questão de implementar a Lei nº 10.639, nós temos que exigir que o
Governo chame todos os professores: ensinem! Chamem todas as pessoas envolvidas
nisso e demonstrem, porque ensinar a cultura dos brancos é fácil. Ensinar o que
está na memória escravagista é fácil. Agora, ensina a verdadeira história que
nós vimos aqui, que o menino ensinou às pessoas ao tentarem tirar uma árvore
que diziam que estava atrasando tudo... Vamos ensinar isso aí!
Nesta
Câmara de Vereadores, somos poucos, mas, com certeza, formadores de opinião,
pessoas que influenciam a sociedade e que podem influenciar aqui dentro desta
Casa. Agora, nós só vamos romper essas correntes se nós tivermos força, voz e
determinação, não nos rendermos nunca! E esta Casa é a Casa do Povo, e o seu
papel é fazer isso. Nós estaremos sempre aqui à disposição com força e fé para
fazer isso e, principalmente, como disse o Comassetto, transformar o Largo
Zumbi dos Palmares em um largo, e não em um pedaço de piche que serve para
feira, estacionamento, para tudo, menos como um largo de cultura ao povo negro.
E como o Ver. Tarciso fala, há museu para tudo neste Estado, menos um museu que
represente a origem de todos nós aqui. Todos nós temos uma matriz africana,
todos nós temos um vínculo com o povo negro. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a
palavra no período temático de Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Presidente Tarciso Flecha Negra, Sras.
Vereadoras, Srs. Vereadores, toda Mesa já nominada, eu venho a esta tribuna com
um certo desconforto para falar sobre este assunto.
Isso
sempre foi tão natural durante toda a minha vida. Eu e a Elis já trabalhamos
juntos, eu não lembro em que época, isso faz muito tempo. Eu tenho empresa há
30 anos e nunca contratei alguém me preocupando com a questão de sexo ou cor.
Então, eu tenho muita dificuldade para isso. Eu quero que vocês me perdoem,
Cleiton, por não ter um discurso pronto nesse sentido. Se vocês forem ao meu
gabinete, vocês vão encontrar negros. A Maristela foi tua colega, Elis. Ela
saiu, mas acabou voltando ao meu gabinete. Na verdade, quem a contratou foi o
meu Chefe de Gabinete e não eu. Tinha uma vaga no Gabinete e ela chegou com o
currículo mostrando que já tinha trabalhado comigo há oito anos. Então, ele a
contratou e não me perguntou. Claro que, por me conhecer, ele não teve essa
dificuldade. Se vocês forem ao meu escritório em Canoas, vocês vão encontrar
pessoas negras. Então, eu não tenho problema algum com isso.
Outro
dia o Tarciso promoveu um encontro e eu fiz uma provocação no sentido de
fazê-la de forma sadia. Quero, antes de falar desse assunto, citar aqui aquilo
que eu e o Tarciso levamos como exigência nossa quando recebemos o convite para
fazer parte do Governo do Município, da base do Governo. Nós botamos na mesa de
negociação, da minha parte, o Parque Temático da Cultura e do Folclore, e o
Tarciso, o Museu do Negro. Por incrível que pareça, isso não pesou o suficiente
para que a negociação prosseguisse. É bom que vocês tenham isso em mente.
Eu
propus aqui o Parque Temático da Cultura e do Folclore; eu o defendi e defendo
há muito tempo, desde quando tive o privilégio de aqui estar, pois tenho muito
claro que a cultura rio-grandense é rica, muito rica, nós temos uma cultura
própria; no entanto, nós não temos o parque temático da cultura e do nosso
folclore.
Dentro
da cultura da formação do gaúcho, da história do gaúcho, dos tempos passados e
do presente, nós vamos encontrar a participação muito ativa, muito propositiva
do negro. É engraçada a ideia de que tenhamos que amassar barro, Ver. Tarciso,
para que se tenha um parque temático da cultura e do folclore, para que se
tenha o museu do negro, que tenha que custar tanto, tanto tempo! Eu não consigo
entender isso, porque não precisaria o Poder Público botar dinheiro público!
Não é preciso botar dinheiro público, é só buscar a parceria público-privada,
investimento particular! Mas, no entanto, nós temos que ficar aqui nessa
conversa que, entra ano e sai ano, é a mesma coisa.
Mas
eu quero deixar uma provocação, novamente, aqui, Ver. João Derly: o próprio
negro precisa conhecer a sua história, a sua própria história. Eu sou italiano.
O italiano, nesse sentido, buscou e está buscando marcar a sua participação na
formação cultural do italiano, mas, especificamente em relação ao negro, há um
espaço, há uma lacuna, porque nós temos muita coisa de origem do povo negro na
culinária, na música... Eu não tenho dúvida de que o próprio negro, na sua
grande maioria – não são todos, vejam bem –, desconhece boa parte disso. Por
isso, nós temos que lutar muito pela Educação. O Ver. Janta, que aqui está, e o
Ver. Cleiton são do PDT, e o PDT, com Leonel Brizola e tantas outras
Lideranças, há muitos anos vem com esta bandeira que é a Educação. A Educação,
meus irmãos negros e brancos, é o caminho para todos nós; nós temos que lutar
pela Educação. E, Tarciso, naquele encontro que o seu Gabinete promoveu, a
minha provocação é de que nem o próprio negro conhece – não querendo
generalizar – a sua história, a importância da sua participação na formação do
gaúcho é verdadeira. Na culinária, na arte, nos usos e costumes, na dança, em
tudo nós temos a participação muito grande do negro, algo que nós, de modo
geral, também desconhecemos. Então, parece-me que o caminho, Tarciso, é por aí,
é tentar fazer o destaque daquilo que o negro contribuiu e contribui para a
formação do povo gaúcho. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra
no período temático de Comunicações.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Tarciso, serei breve, sei
que já é tarde. Em nome da Câmara, quero pedir escusa, porque hoje tivemos uma
Tribuna Popular sobre o tema do movimento negro, e a Tribuna foi valorizada por
várias falas, inclusive de Liderança, isso alongou a tarde, havia uma
homenagem. Bem, isso explica um pouco a ausência dos Vereadores, porque,
normalmente, mais para o final da Sessão, a gente marca muitas atividades. Eu,
inclusive, deixei de ir a uma atividade sobre o tema dos ônibus, para poder
acompanhá-los aqui. Eu queria, acrescentando ao que já debatemos aqui,
primeiro, dizer que é muito bonito ver o painel que foi colocado aqui, “Ponto
de Vista”, de vários lugares, de várias gerações, testemunhos muito vivos de
que nós não superamos o tema da discriminação racial, não. Eu concordo quando o
Dilmair diz que quer a divisão real do Poder – e eu vou falar disso, porque a
pauta das mulheres também é essa. Na democracia representativa deste País, por
esse sistema de democracia, da democracia político-partidária, o sistema
político eleitoral, nós não faremos essa divisão de poder. Não faremos! E vocês
sabem que o financiamento privado das campanhas financia os que já são
poderosos, os que já são articulados, os que já estão ligados ao poder
econômico e os que já estão instituídos, e são os homens, e brancos. São esses,
na verdade, que hegemonizam, em 500 anos, o Brasil, a política brasileira. Nós,
as mulheres, os negros e os índios, temos que lutar ferrenhamente por uma
reforma política, que só será feita com essa transformação, através de uma
constituinte exclusiva, nós estamos convencidos disso. O Parlamento que aí está
não fará, não eliminará as fontes do seu próprio poder.
Sobre a questão da lista, “ah, existem
polêmicas, porque a lista dos Partidos...” Bom, isso vai fazer com que saibamos
quais são os Partidos que praticam democracia. Eu não vou falar dos outros,
porque conheço poucos, mas o meu Partido, com todos os seus defeitos, tem
eleição direta, todo cidadão filiado ao PT vota no presidente, vota nos
presidentes de zonais, vota nos presidentes municipais, discute, tem teses, disputa
teses, disputa o regimento, disputa o estatuto, disputa posições e disputará a
lista. Para esse debate de forma democrática, as regras serão debatidas e
votadas.
Bom, eu espero que todos os Partidos façam isso,
e nós já tiramos, no nosso estatuto, que nós teremos, meio a meio, lista
paritária, homem e mulher, com cota para negro e com cota para jovens e índios.
Assim teremos nas nossas direções partidárias.
E nós achamos que, portanto, o Brasil,
reconhecendo a imensa dívida social, reconhecendo que a mudança se fará com a
presença do negro e das mulheres lá no espaço de poder, que nós não faremos por
eles e elas. Os homens não farão pelas mulheres, os brancos não farão pelos
negros. Faremos em parte, mas nós precisamos alterar com a presença viva, real,
com a pauta que vem da vivência e da reflexão. Nós sempre discutimos que a característica do negro e da
negra, as suas necessidades, a sua saúde, a sua cultura, não entra na pesquisa
que é feita, se o negro e a negra não estiverem na universidade. Por isso que
as cotas raciais na universidade são fundamentais para alterar a produção do
conhecimento validado socialmente neste País. Essa foi uma grande conquista,
porque o conhecimento validado será produzido por negros e negras em todas as
áreas do conhecimento.
Então,
nós defendemos a reforma política, e essa reforma política pode nos levar à
reforma dos meios de comunicações, Ver. Bernardino, que também estão na mão das
famílias, das famílias do poder econômico, das famílias do latifúndio, que
durante a ditadura militar se apropriaram da concessão, se reproduziram em
inúmeros instrumentos de comunicação, e vão sempre colocar o negro num lugar
secundário.
Até
é bonito apresentar exemplarmente a exceção do negro e da negra que se dá bem,
mas a massa mesmo, a meritocracia, que é, hoje, ainda é, a fundamentação de uma
sociedade liberal... Meritocracia: oportunidade igual. “Aproveitem as
oportunidades, quem tiver mérito, ganha”! Ora, como é que vai ter mérito um
negro, uma negra, que tem que ter dez mil vezes mais mérito do que um branco?
De começo, só por ser negro, ou ser branco, porque o negro já é olhado com uma
segunda condição. O negro tem que ter mil vezes mais mérito. Portanto, a
meritocracia é para premiar os já privilegiados, Delegado Cleiton. E nós combatemos
a meritocracia. Tem que tratar diferente quem é diferente, e não igual os
diferentes. E eles que se virem para lutar, para romper as barreiras sociais. E
a meritocracia é por dentro da escola, quando trata todo mundo igual; é por
dentro dos meios de comunicação – “tem que vencer, que bacana”; é por dentro do
futebol: “olhem, este negro saiu da favela, ele é um vitorioso”! E a massa dos
derrotados; paciência, não se esforçou o suficiente! Então, essa ruptura com
esse modelo de sociedade passa pela ruptura da meritocracia, passa, portanto,
pela ruptura com essa propriedade privada dos meios de comunicação, e pela
reforma política. Aí nós vamos alterar, de fato, o Brasil. Então, esta é a luta
a que nós nos somamos: a luta de todos que acreditam numa sociedade realmente
democrática.
Ultrapassei
o meu tempo, mas quero dizer que me emociono, porque é isto mesmo, é disto que
nós estamos falando: deste País que reproduz desigualdades e que tem muito o
que alterar.
Parabéns
por estarem aqui, e empoderem-se cada vez mais. Obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): O Ver. Delegado Cleiton está com a
palavra no período temático de Comunicações.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr.
Presidente, Ver. Tarciso Flecha Negra; companheiros da Mesa, eu gostaria de
agradecer por este momento, e dizer aos companheiros que, creio eu, não é fazer
pouco desse Movimento, mas, como disse o Janta, há muito tempo que nós
estamos... E não é querer desfazer alguns colegas, até porque devem estar nas
ruas, com as suas comunidades, mas creio que todos sabem da importância deste
momento e desse Movimento aqui na Câmara Municipal. Não basta ser preto e ter
cabelo carapinha. Eu acho que tem que se tomar atitudes e entrar nessa luta.
Concordo com alguns.
Em nome do Luís Fernando, que está na plateia,
meu advogado, gostaria de cumprimentar o advogado do gabinete e os demais
companheiros da plateia. Então, como eu disse anteriormente, quero me somar a
esse Movimento e usar o meu mandato para estar, constantemente, como já estamos
fazendo... E temos várias reuniões lá. E aí estão o Clóvis, como testemunha,
chamado várias vezes; a Valeska, o Álvaro Giannone, que viria trabalhar comigo,
mas, graças a Deus, a sua profissão é mais rentosa, até pelo seu grau de profissionalismo,
então ele prefere fazer seu trabalho lá e estar aqui, todos os dias, ao
meio-dia, para debatermos, e tentar, dentro do Partido, do PDT, criar uma
dinâmica de representatividade bem maior, que é o que nós queremos, é pelo que
lutamos. Até porque o PDT e o Brizola, como disse o Bernardino, teve na sua
base um grande incentivador, um dos grandes líderes cuja imagem fiz questão de
afixar na minha porta, o Abdias Nascimento, e que teve um trabalho de grande
importância, independente de ideologia partidária. Dentro do PDT, tivemos essa
grande liderança, que trabalhou com a cultura, com a arte, e trabalhou
fundamentalmente com a base e a estrutura dessa luta que estamos defendendo.
Então,
gostaria de me incluir na luta pelos Ilês – e já estamos trabalhando nisso na
Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação –, porque soubemos que 26 Ilês
serão atingidos pelas obras da Copa. E não é porque somos do Partido do Governo
que iremos admitir isso. Já estamos bem avançados com algumas lutas, entre elas
o da Mãe Maria de Oxum, que é um dos terreiros mais antigos de Porto Alegre e
da Vila Cruzeiro e que seria atingido. Hoje estamos traçando uma luta que
esbarrou no DMAE, mas tenho certeza de que todos os santos e orixás irão
interceder para que a Mãe Maria tenha seu espaço digno, seu espaço espiritual,
que é muito importante, na forma que os orixás gostariam de ter. Estaremos,
sim, também, na luta dos territórios dos quilombolas, na luta pela
ampliação das cotas, pelo término – e aí falo como profissional da área de
segurança que sou – do extermínio de jovens negros, pela aplicação da Lei nº
10.639, pela sua grande importância, para que nossos filhos, ao contrário de
muitos aqui, tenham, na escola, a imagem de seus ídolos – desculpem-me pela
emoção –, de seus guerreiros e de seus representantes, bem como a história da
terra mãe, África. Estaremos na luta, também, pelo maior número de negros em
todos os setores da sociedade, pela visibilidade que tanto queremos, inclusive
como secretários do Município e do Estado. Infelizmente, passa ano, entra ano e
não vemos secretários negros, e não é por falta de capacidade, porque temos
grandes procuradores, advogados, médicos, jornalistas, grandes profissionais de
todas as profissões. Infelizmente, no Governo do Estado nem no Governo
Municipal temos um secretário negro. Pela divulgação da cultura e da história
de nossa raça, somo-me à luta. Se achavam que não eu estava nessa luta, quero
dizer a todos os senhores que estou na luta, sim, pelo empoderamento de uma
raça sofrida, de uma raça que não dá para esconder, a que pertenço. Muito
passei por situações de racismo, venho de família humilde, como a maioria dos
negros, até porque sofremos uma abolição, uma libertação que nos deixou com uma
mão na frente e outra atrás. Sou filho de uma dona de casa, que lavava e
passava para fora; sou filho de funcionário público municipal. Meu primeiro
emprego, com carteira assinada, foi como cobrador de ônibus, o que muito me
honra, ao poder trabalhar e alcançar um espaço aqui. E aqui, sinto muito, o
número que nós temos aumentou cem por cento, não é Ver. Tarciso? Gostaríamos
que aqui tivessem mais representantes da raça negra, assim como em quaisquer
outros setores, assim como nas faculdades, assim como nos bancos escolares, em
todos os locais. Então, somo-me a essa luta de empoderamento do povo negro.
Axé, e salve o povo negro! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): Eu quero dizer aqui que eu parei o
cronômetro para o Ver. Delegado Cleiton porque eu o senti muito emocionado e
não podia interromper a sua fala.
O Ver. João Derly está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. JOÃO
DERLY: Boa-tarde,
Ver. Tarciso, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É uma satisfação estar aqui
hoje. Subo a esta tribuna, não vou tomar muito tempo, eu creio que todos já
devem estar cansados, não que não seja importante esta pauta que foi trazida.
Gostaria de agradecer a todos os presentes, e dizer que sabemos da importância
deste tema. Quando fui procurado pela Unegro, pela Elis Regina, de pronto
atendi, porque sei o quanto é importante debatermos, discutirmos políticas
públicas contra a violência, contra a discriminação, contra a intolerância ao
povo negro. A gente sabe que isso se arrasta através da história, desde a
Abolição da Escravatura brasileira, diferente do que ocorreu na americana,
porque, quando lá foi abolida a escravatura, os negros receberam terras e burro
para poder trabalhar, diferente do Brasil, que acabou jogando os negros para
criarem vilas, favelas, e essa história ser carregada durante todo esse tempo.
A Ivanete mostrou uma matéria do Manoel Soares
sobre a África do Sul, e há um ditado que, na África, o racismo é como uma arma
apontada na cara. A gente sabe que as pessoas praticam o racismo, e, no Brasil,
a arma é apontada para a nuca, a gente não sabe quem a está apontando, muito
menos aquele que a está disparando. Que a gente enfrente essa situação! Eu digo
a gente, porque eu faço parte disso e, apesar de sermos poucos aqui, eu sei que
estes vão lutar e vão fazer força, juntamente com vocês. Nós precisamos, sim,
de união e de força, para poder fazer a diferença em nossa sociedade e mostrar
que não é a cor de pele, não é a aparência que mostra quem somos.
Eu quero levantar o moral de vocês, dizendo que
vitórias têm acontecido; hoje podemos ver cotas, inclusive tenho o Leonardo,
que trabalha comigo, é cotista, está estudando na UFRGS, fazendo Direito. Isso
é uma vitória. Com a sua simplicidade, ele hoje pode trabalhar, estudar, ter
essa condição. Eu fico feliz de ver isso. Particularmente, antes, eu tinha
restrições às cotas, e hoje sei da importância que elas têm. Como bem falou o
Jeferson, acho de extrema importância este debate também ser aplicado dentro
dos Partidos políticos, nas mais diversas situações, como esse debate já foi vencido nas
universidades. Então, contem comigo para o que precisar, com a Bancada do
PCdoB, pena que a Ver.ª Jussara Cony não pôde estar aqui também, porque sei que
é uma lutadora que há anos defende essa bandeira e tem sido uma aliada do povo
negro. Contem também comigo e com a Bancada do PCdoB. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso Flecha Negra): Eu vou usar bem pouco o tempo aqui,
porque já tive a minha fala que foi com muita emoção misturada com outras
coisas que não vou dizer aqui. Eu quero agradecer aqui ao meu gabinete, ao
Fabio, que não é só o meu motorista, é meu companheiro; nós dois saímos juntos,
viajamos, jogamos futebol juntos; é meu irmão. Estão aqui também a Cláudia, a
minha esposa, o Juliano. É muito importante o que o Ver. Clàudio Janta falou.
Quando eu tinha a escolinha de futebol, ainda tenho, mas só não posso dar aula,
trabalhava com a sociabilização da criança através do esporte, cultura e lazer.
O que é sociabilizar essa criança? O Janta acabou de falar, agora, que essa
troca de identidade é importante, só assim nós vamos terminar com o racismo,
senão não há como. O negro emprega só negro, o branco emprega só branco, assim
nós vamos virar os Estados Unidos. Então, o branco emprega negro, o negro
emprega branco, o negro é Senador, assim nós vamos terminar com esse racismo
ainda invisível, só dessa maneira. Eu ouvi uma fala, não sei se foi da Elis
Regina, que citou uma frase do Gandhi: “Nascemos, não sabemos a cor que temos,
não conhecemos o mal, não conhecemos o bem, as pessoas que encontrarmos no
caminho é que vão nos mostrar o caminho do bem e o caminho do mal e a cor que
somos”.
Então,
é importante que a gente faça uma grande reflexão: onde estiver o movimento
negro, temos que movimentar, temos que estar, para mostrar essa união, e só
assim nós vamos trazer as outras cores, os outros povos para respeitar e
acreditar. Eu estava lendo uma matéria na Zero Hora on-line, do dia 12 de maio; saiu uma reportagem que diz assim:
“Branco ganha 59% mais do que o negro no Estado”. Aí, eu fiquei me perguntando:
até quando veremos esse tipo de diferença e ficaremos quietos? Então, essa é a
nossa reflexão, porque, assim como nós, negros, nós, brancos, todos nós temos
que dizer assim: até quando queremos um mundo com violência, um mundo com
discriminação, um mundo com preconceito?
Quero
agradecer aqui a paciência de todos, os caros colegas que acabaram de se
pronunciar aqui, a toda rapaziada da galeria, a quem nos assiste pela
televisão, pelo Canal 16, e quero cumprimentar todos aqui na Mesa.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 18h17min.)
O SR. PRESIDENTE (Tarciso
Fecha Negra – às 18h18min):
Estão reabertos os trabalhos. Apregoo Requerimento, de autoria da Ver.ª Jussara
Cony, solicitando licença-luto, no período de 15 a 16 de maio de 2013.
Neste momento, passo a presidência dos trabalhos para o Ver.
Bernardino Vendruscolo.
(O
Ver. Bernardino Vendruscolo reassume a presidência dos trabalhos)
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): Passamos à
(05 oradores/05
minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC. Nº 0692/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 040/13, de autoria do Ver. Delegado Cleiton, que inclui
art. 6º-A, altera o art. 9º e revoga o § 3º do art. 3º da Lei nº 10.260, de 28
de setembro de 2007, alterada pela Lei nº 10.823, de 21 de janeiro de 2010,
dispondo sobre a obrigatoriedade de o responsável pela exploração de
estacionamento temporário remunerado fornecer ao usuário, sempre em 2 (duas)
vias, recibo da retribuição pecuniária devida.
PROC. Nº 0973/13 – PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/13, de autoria da Verª Fernanda Melchionna e
do Ver. Pedro Ruas, que inclui inc. V no caput
do art. 32 e art. 257-A na Lei Complementar nº 420, de 25 de agosto de 1998
– que institui o Código de Proteção contra Incêndio de Porto Alegre e dá outras
providências –, e alterações posteriores, incluindo no rol de edificações para
as quais é exigida instalação de sprinklers
as classificadas como F-6 na Tabela 1 dessa Lei Complementar e proibindo a
utilização de espumas fonoabsorventes inflamáveis no isolamento acústico de
edificações com essa classificação.
PROC. Nº 1336/13 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 016/13, que desafeta e autoriza a alienação do próprio
municipal localizado na Rua Frei Henrique Golland Trindade, entre os nos
325 e 355, ao Sr. Alberto Borges de Medeiros.
PROC. Nº 1444/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 136/13, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que denomina Rua
Aldoir Pinzkoski o logradouro público cadastrado localizado no Beco B –
Travessa Guimarães –, Rua Rio Grande.
PROC. Nº 1504/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 146/13, de
autoria da Verª Mônica Leal, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao
senhor Rogerio Gastal Xavier.
PROC. Nº 1509/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 147/13, de autoria do Ver. Alberto Kopittke, que concede
o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao senhor José Antonio Fernandes
Martins.
PROC. Nº 1520/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 148/13, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que denomina Rua
Ametista do Sul o logradouro público não cadastrado, localizado no Beco Dez,
Avenida Edgar Pires de Castro.
PROC. Nº 1526/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 149/13, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que denomina Rua
Rosa dos Ventos o logradouro público não cadastrado, conhecido como Beco Nove,
Avenida Edgar Pires de Castro.
PROC. Nº 1527/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 150/13, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que concede o
título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Luiz Jair Cardoso.
PROC. Nº 1577/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 156/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua Emilia Moraes de Azevedo o logradouro público cadastrado,
conhecido como Rua 1539, localizado no Bairro Marcílio Dias.
PROC. Nº 1715/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 174/13, de autoria da Mesa Diretora, que concede o título
de Cidadão de Porto Alegre ao senhor João Antônio Dib.
PROC. Nº 1718/13 – PROJETO DE RESOLUÇÃO
Nº 015/13, de
autoria da Verª Luiza Neves, que concede o Troféu Câmara Municipal de Porto
Alegre ao senhor Alci Jacob Schneid.
2ª SESSÃO
PROC. Nº 1466/13 – PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 137/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Complexo Viário Telmo Thompson Flores o conjunto de equipamentos
públicos integrado pela elevada de ingresso na Avenida Castelo Branco, a partir
da Avenida Júlio de Castilhos, e pelas elevadas de saída da Avenida Castelo
Branco, no sentido do Túnel da Conceição e da Avenida Mauá, localizado no
Bairro Centro Histórico.
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO
PUJOL: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, a Pauta hoje contém, em 1ª
Sessão, mais de 10 projetos que iniciam tramitação. E, em 2ª Sessão, apenas um,
que é PLL nº 137/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina
Complexo Viário Telmo Thompson
Flores o conjunto de equipamentos públicos integrado pela elevada de ingresso
na Avenida Castelo Branco, a partir da Avenida Júlio de Castilhos, e pelas
elevadas de saída da Avenida Castelo Branco, no sentido do Túnel da Conceição e
da Avenida Mauá, localizado no Bairro Centro Histórico. Vou-me deter, Sr.
Presidente, nesse Projeto, por ser a 2ª Sessão; os outros 12 Projetos que estão
tramitando na 1ª Sessão, eu terei oportunidade de me manifestar sobre eles em
outra ocasião. O que acentuar nesse particular? De iniciativa do Ver. João
Carlos Nedel, sabidamente o mais diligente de todos os Vereadores da Casa,
especialmente no que diz respeito à denominação de logradouros públicos.
Inobstante esse comentário, que não é irônico, é verdadeiro, é real, nós temos
que acentuar a felicidade com que o Ver. Nedel foi portador no momento em que
se inspirou para propor essa homenagem justíssima ao ex-Prefeito desta Cidade, que foi o
Vereador revolucionário do sistema viário de Porto Alegre. De fato, Ver.
Bernardino, acredito que V. Exa. ainda não residia em Porto Alegre quando foi
lançado o Complexo da Conceição – a gente diz túnel, mas ali é elevada,
trincheira, passagem de nível, de tudo um pouco. Imagine V. Exa. que Porto
Alegre, naquela época, ainda tinha bondes. O que seria Porto Alegre sem o
Complexo da Conceição, sem o viaduto D. Pedro II, na Av. José de Alencar; dos
Açorianos, na proximidade da minha residência, e mais ainda outros tantos
colocados na Cidade, todos, em sua imensa maioria na Administração Thompson
Flores. Então, essa área onde tem o viaduto, na ocasião, o Prefeito Thompson
Flores quis fazer esse viaduto – isso há 30 ou 40 anos –, e não o fez, porque
na licitação aberta, os valores oferecidos eram exagerados e ele resolveu não
fazer, porque não queria comprometer as finanças do Município em um período em
que não era certo que ele fosse continuar na Prefeitura de Porto Alegre. O Dr.
Telmo era um homem muito zeloso nesse particular, grande obreiro, beleza de
cidadão, coração muito grande. Eu tive dele as melhores considerações,
inclusive fui eleito Vereador, em 1972, pela primeira vez, e ele me dispensava
muita atenção.
Por isso, Ver. Bernardino Vendruscolo, às
18h20min, desta quinta-feira movimentadíssima da Casa, eu tomo o tempo ainda
ocupando o período de Pauta, para fazer esta manifestação que tem duplo
sentido. Primeiro, registrar esta justíssima homenagem ao Eng.º Telmo Thompson
Flores, ex-Prefeito da Cidade e, de outro, garantir que a Pauta efetivamente
fosse cumprida no dia de hoje, e, com isso, esses Projetos todos pudessem andar
e ser encaminhados na sua regular tramitação. Obrigado pela atenção.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Clàudio
Janta está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, venho falar sobre o PLL nº
040/13, de autoria do Ver. Delegado Cleiton, que institui a segunda via nos
parquímetros da nossa Cidade e, principalmente, o seguro. Esta é uma
reivindicação muito antiga da nossa população, é um desejo da nossa população,
que paga por um estacionamento. Os estacionamentos privados, hoje em dia,
também têm que disponibilizar essa garantia ao povo da nossa Cidade. O
parquímetro, mesmo sendo numa rua, sendo pago, não deixa de ser um
estacionamento. Então, tem que ter essa garantia desse bem das pessoas que,
quando é roubado, quando é destruído, quando é furtado, não tem nenhuma
garantia. Então, vimos aqui, em nome da Bancada do PDT, apoiar este Projeto, e
dizer que ele é de extrema relevância para a população de Porto Alegre, é de
extrema relevância para que os usuários tenham essa segunda via e para que os
usuários tenham esse seguro, que assegura o ressarcimento do seu patrimônio, o
seu direito de ter de volta o seu bem, já que pagam para deixar o seu carro,
para estacionar o seu carro. Então, têm que ter essa proteção.
Também queremos falar – pena que o Líder do
Governo não esteja aqui – sobre o PLE nº 016/13, referente à alienação de um
bem do Município, localizado na Frei Henrique Golland Trindade – já pedimos aqui também, já que é um bem do DEMHAB –
para que seja feito um banco no Município e esses bens sejam usados para
assentar várias famílias da nossa Cidade que não têm local para morar, que
estão necessitando, ou para a implementação do Minha Casa, Minha Vida. Seria
isso que teríamos a comentar com relação à Pauta. Com força e fé seguiremos
lutando pelos trabalhadores e pela população de Porto Alegre.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): Muito
obrigado, Ver. Clàudio Janta. Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h29min.)
* * * * *